São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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BARBÁRIE

Terroristas abrem fogo e lançam granadas contra procissão religiosa; governo denuncia tentativa de desestabilizar o país

Ataque contra xiitas mata 42 no Paquistão

DA ASSOCIATED PRESS

Três homens abriram fogo e atiraram granadas contra muçulmanos xiitas durante uma procissão religiosa em Quetta, no sudoeste do Paquistão, ontem. Pelo menos 42 pessoas morreram -inclusive dois dos terroristas- e mais de 150 ficaram feridas. O ataque ocorreu durante a Ashura, a principal festa xiita, uma das ramificações do islamismo.
Pouco depois, uma mesquita sunita, a sede de uma emissora de TV local e diversas lojas foram incendiadas por xiitas na principal cidade da Província do Baluquistão, com 1,2 milhão de habitantes.
O atentado foi o que resultou no maior número de mortos em uma série de ataques contra a minoria muçulmana xiita no Paquistão.
Segundo o prefeito de Quetta, Abdul Rahim Kakar, os três terroristas atacaram a procissão e, em seguida, misturaram-se à multidão com explosivos atados ao corpo, explodindo-se. Dois morreram, e um terceiro foi internado em condição crítica.
Para o governo, o ataque foi uma tentativa de desestabilizar o país. "O objetivo foi criar uma revolta", disse o ministro da Informação, Rashid Ahmed.
O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, tornou-se um dos principais aliados dos EUA na guerra contra o terrorismo após o 11 de Setembro. Musharraf ajudou os EUA a intervir no vizinho Afeganistão, o que despertou a ira de fundamentalistas islâmicos, e acaba de autorizar as tropas americanas a agir em território paquistanês, perto da fronteira afegã, para tentar capturar Osama bin Laden, líder da rede Al Qaeda.
A violência em Quetta aconteceu após ataques coordenados contra alvos xiitas em Karbala e em Bagdá, no Iraque. Não se sabe se há relação entre os atentados nos dois países.
Em Phalia (leste do Paquistão), um xiita e um sunita morreram em um conflito. Em julho, cerca de 50 pessoas foram mortas numa mesquita de Quetta.
Por volta de 97% dos paquistaneses são muçulmanos, mas os sunitas são quatro vezes mais numerosos. A maioria dos sunitas e xiitas vive pacificamente, mas radicais alimentam o conflito.
Allama Hassan Turabi, um dos principais líderes xiitas do país, exigiu que o presidente Musharraf -que tem prometido reprimir o extremismo religioso- demitisse o ministro do Interior pelo fracasso em impedir ataques durante a Ashura. "Não foi o primeiro ataque contra nós. Não estamos seguros em nossas casas nem nas mesquitas", disse.


Com agências internacionais

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