|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTUDO
De acordo com a entidade, falta de controle sobre o que é vendido pela internet favorece a venda ilícita de medicamentos
Farmácias virtuais são nova frente do tráfico, diz ONU
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
As farmácias que oferecem seus
produtos na internet são o novo
front do combate às drogas. Um
relatório que será divulgado hoje
pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) da
ONU e obtido antecipadamente
pela Folha classifica de preocupante o aumento do "cibertráfico" nos últimos dois anos, catapultado por ofertas eletrônicas de
medicamentos controlados.
Muitas dessas farmácias, diz o
relatório, operam ilegalmente e
não exigem que o consumidor
apresente prescrição médica.
E-mails são sua principal forma
de atuação, e os alvos visados, segundo o relatório, são três grupos
considerados vulneráveis: usuários de múltiplas drogas que consomem grandes quantidades desses produtos, ex-pacientes que se
tornam dependentes e continuam
a usar os medicamentos mesmo
após o fim do tratamento e pessoas que buscam a comodidade
de receber as drogas em casa e
preços quase sempre mais baixos.
O consumo descontrolado das
drogas lícitas tem crescido de tal
forma nos últimos anos que, entre
1985 e 2002, houve um aumento
de 163% do número de internações em conseqüência do abuso
de analgésicos que têm narcóticos
como base.
A falta de uniformidade na legislação que regula a web, considerada pela Jife "leniente demais"
na maior parte dos casos, contribui para esse comércio ilegal.
Essa falta de heterogeneidade é
especialmente problemática
quando considerado que boa parte desse comércio é internacional.
Numa recente apreensão de medicamentos de venda controlada
comercializados ilicitamente nos
EUA, 90% vinham de farmácias
virtuais sediadas no exterior.
Substâncias psicotrópicas oferecidas na internet são facilmente
enviadas da Ásia aos EUA e à Europa -quantidades significativas
desses produtos já foram interceptadas em centrais dos correios
na Índia e na Tailândia. Outra
fonte desse tráfico apontada pelo
relatório é o Paquistão -grandes
quantidades de medicamentos
provenientes do Paquistão foram
apreendidas na Suíça.
O relatório da Jife exorta os governos a combater essa forma de
tráfico de drogas, mas reconhece
que o fato de esses estabelecimentos quase nunca contarem com
instalações maiores ou complexas
facilita sua mobilidade, o que,
conseqüentemente, dificulta a vigilância e a coerção.
Brasil
Nesse aspecto, a Jife elogia o
Brasil, dizendo tratar-se de um
caso positivo no monitoramento
da venda dessas substâncias e no
tratamento judicial para quem
abusa delas, com alternativas eficazes à prisão.
Além do crescimento do tráfico
on-line, o relatório destaca a relação entre abuso de drogas, criminalidade e violência urbana. O
Brasil volta a ser mencionado como um dos países onde essa correlação é mais aguda.
"Com cerca de 30 mil homicídios registrados anualmente, uma
parcela significativa guarda relação com o tráfico e o consumo de
drogas", diz o texto. "Os traficantes desafiaram as autoridades locais em algumas cidades e prejudicaram temporariamente a ordem pública", afirma outro trecho do documento, sem se estender em análises.
Texto Anterior: Barbárie: Ataque contra xiitas mata 42 no Paquistão Próximo Texto: Haiti: Líder rebelde diz estar no comando das forças de segurança haitianas Índice
|