São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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HAITI

"Assassinos armados" não governarão o país, dizem EUA

Líder rebelde diz estar no comando das forças de segurança haitianas

DA REDAÇÃO

Guy Philippe, 36, o líder rebelde que desempenhou um papel crucial na queda do ex-presidente do Haiti Jean-Bertrand Aristide, afirmou ontem que está no comando das forças de segurança do país, incluindo a força policial que era fiel a Aristide.
Em Porto Príncipe, a capital haitiana, Philippe, ao lado de membros de sua própria força de segurança e da Polícia Nacional, disse que respeitará a autoridade do presidente interino do Haiti, Boniface Alexandre. Este assumiu depois da queda de Aristide.
"Estou no comando da frente de resistência nacional. Ou seja, sou o chefe dos militares. No que se refere aos policiais e aos militares, estou no comando de todo o país", afirmou Philippe.
Questionado sobre a possibilidade de aceitar o desarmamento de seus comandados, o líder rebelde afirmou: "Temos um presidente [interino] que assumiu de modo legal. Respeitaremos suas ordens". Mas ele ameaçou prender Yvon Neptune, o premiê que era ligado a Aristide.
O ex-soldado Philippe lidera um grupo de ex-militares e de rebeldes que tomou cidades e vilarejos no norte do Haiti, nas últimas três semanas. Suas declarações não deverão agradar à comunidade internacional, já que ele é acusado de cometer atrocidades contra civis. Além disso, há suspeitas de que ele tenha envolvimento com o tráfico de cocaína.
Sem citar seu nome, os EUA disseram que "assassinos armados" não farão parte do governo.
A oposição haitiana anunciou que já escolhera seu representante, o ex-senador Paul Denis, para fazer parte de uma comissão que poderá ser criada para ajudar a solucionar a crise. Sua criação faz parte de um plano internacional.
Um porta-voz das Forças Armadas da França afirmou que o país não está no comando de uma força de proteção a Aristide, que está na República Centro-Africana. Anteriormente, a ministra da Defesa, Michèle Alliot-Marie, dera a entender que Paris estava no comando dessa força, mas a informação foi negada.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse não crer na acusação feita por Aristide de que os EUA o forçaram a deixar o poder.
Jean-Claude Duvalier, ex-ditador haitiano, que é mais conhecido como "Baby Doc", disse ontem, na França, que pretende retornar a seu país, mas negou que queira disputar a Presidência.

EUA e França
O presidente dos EUA, George W. Bush, ligou ontem para seu colega francês, Jacques Chirac, para exaltar a cooperação entre os dois países durante a crise haitiana e para expressar seu agradecimento pelos esforços franceses.


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