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Católico e judeu pedem diálogo com islã
DA REDAÇÃO
Líderes católicos e judeus concordaram ontem em ampliar seu
diálogo bilateral para incluir os
muçulmanos, após as tensões pela publicação das charges sobre o
profeta Muhammad.
O compromisso foi firmado em
documento assinado por rabinos
e autoridades do Vaticano ao fim
de uma reunião em Roma.
Em uma referência clara à onda
de protestos e de violência no
mundo muçulmano após a publicação das charges, o comunicado
conjunto aponta que o abuso de
símbolos religiosos "deve ser rejeitado e condenado" em prol do
bem comum da humanidade.
"Ao mesmo tempo, esses abusos e as tensões atuais entre civilizações exigem de nós que estendamos nosso diálogo bilateral,
que tem um caráter único e urgente", diz ainda o documento.
"Assim, acreditamos que é nosso dever envolver o mundo muçulmano e seus líderes em um
diálogo respeitoso e de cooperação", acrescenta.
Assinaram o comunicado cinco
altos membros da Comissão de
Relações Religiosas com os Judeus, do Vaticano, e sete do Rabinato-Chefe de Israel.
Eles disseram ainda aos líderes
mundiais que "apreciem o potencial da dimensão religiosa para
ajudar a resolver conflitos e que
apelem a ela para apoiar o diálogo
inter-religioso com esse fim".
A declaração não afirma, porém, quando as conversas irão
ocorrer. Judeus e católicos mantêm um diálogo oficial desde o
fim do Concílio Vaticano Segundo, em 1965, e o Vaticano mantém contatos próprios com líderes muçulmanos por meio de seu
conselho inter-religioso.
As caricaturas, publicadas em
setembro do ano passado pelo
jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" e depois reproduzidas
por várias publicações européias,
provocaram uma onda de protestos no mundo muçulmano.
O islã proíbe que a figura de
Muhammad seja retratado sob
qualquer circunstância. Além disso, algumas charges ligavam o
profeta ao terrorismo, como uma
que o apresentava com um turbante em forma de bomba.
À época, o Vaticano considerou
a publicação das charges uma
"provocação inaceitável".
Em reação às charges, representações diplomáticas da Dinamarca foram incendiadas na Síria, no
Líbano e no Irã. Também foi incendiada a Embaixada da Noruega em Damasco, capital síria.
As manifestações se estenderam
para o Egito, a Turquia, o Paquistão o Afeganistão, a faixa de Gaza,
a Cisjordânia e outros lugares,
provocando várias mortes. O
EUA acusaram os governos da Síria e do Irã de incitarem as violentas manifestações.
Com agências internacionais
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