São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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Católico e judeu pedem diálogo com islã

DA REDAÇÃO

Líderes católicos e judeus concordaram ontem em ampliar seu diálogo bilateral para incluir os muçulmanos, após as tensões pela publicação das charges sobre o profeta Muhammad.
O compromisso foi firmado em documento assinado por rabinos e autoridades do Vaticano ao fim de uma reunião em Roma.
Em uma referência clara à onda de protestos e de violência no mundo muçulmano após a publicação das charges, o comunicado conjunto aponta que o abuso de símbolos religiosos "deve ser rejeitado e condenado" em prol do bem comum da humanidade.
"Ao mesmo tempo, esses abusos e as tensões atuais entre civilizações exigem de nós que estendamos nosso diálogo bilateral, que tem um caráter único e urgente", diz ainda o documento.
"Assim, acreditamos que é nosso dever envolver o mundo muçulmano e seus líderes em um diálogo respeitoso e de cooperação", acrescenta.
Assinaram o comunicado cinco altos membros da Comissão de Relações Religiosas com os Judeus, do Vaticano, e sete do Rabinato-Chefe de Israel.
Eles disseram ainda aos líderes mundiais que "apreciem o potencial da dimensão religiosa para ajudar a resolver conflitos e que apelem a ela para apoiar o diálogo inter-religioso com esse fim".
A declaração não afirma, porém, quando as conversas irão ocorrer. Judeus e católicos mantêm um diálogo oficial desde o fim do Concílio Vaticano Segundo, em 1965, e o Vaticano mantém contatos próprios com líderes muçulmanos por meio de seu conselho inter-religioso.
As caricaturas, publicadas em setembro do ano passado pelo jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" e depois reproduzidas por várias publicações européias, provocaram uma onda de protestos no mundo muçulmano.
O islã proíbe que a figura de Muhammad seja retratado sob qualquer circunstância. Além disso, algumas charges ligavam o profeta ao terrorismo, como uma que o apresentava com um turbante em forma de bomba.
À época, o Vaticano considerou a publicação das charges uma "provocação inaceitável".
Em reação às charges, representações diplomáticas da Dinamarca foram incendiadas na Síria, no Líbano e no Irã. Também foi incendiada a Embaixada da Noruega em Damasco, capital síria.
As manifestações se estenderam para o Egito, a Turquia, o Paquistão o Afeganistão, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e outros lugares, provocando várias mortes. O EUA acusaram os governos da Síria e do Irã de incitarem as violentas manifestações.


Com agências internacionais

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