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IRAQUE SOB TUTELA
Premiê é contestado; EUA detêm 61 supostos membros da Al Qaeda
Crise iraquiana atinge a política
DA REDAÇÃO
A violência sectária em que o
Iraque mergulhou há mais de
uma semana começa a produzir
seqüelas políticas, ameaçando
prejudicar os esforços dos EUA
para criar um governo de coalizão
e, num efeito bola-de-neve, renovar o fôlego dos ataques entre árabes sunitas e xiitas, que podem
culminar em uma guerra civil.
Ontem, enquanto o premiê
Ibrahim al Jaafari (árabe xiita)
tentava negociar apoio para permanecer no poder, atentados deixaram 38 mortos, aproximando o
saldo total de 500 nas contas do
governo, as mais otimistas.
Jaafari, que encabeça o governo
interino desde janeiro de 2005, é a
escolha para o posto de premiê do
bloco xiita que venceu as eleições
parlamentares de dezembro. Mas
os curdos e os árabes sunitas rejeitam seu nome, e, sem o apoio de
um desses grupos, os xiitas não terão maioria no Parlamento. Ademais, um governo dominado por
apenas uma das facções etno-religiosas agravará as tensões no país.
Os árabes sunitas, que dominaram o Iraque sob Saddam Hussein, são apenas 20% da população. A queda do ditador sunita e
eleições diretas levaram ao poder
a maioria xiita, antes perseguida.
Tensões mantidas latentes por 40
anos à custa da repressão ao grupo majoritário se acirraram e,
com o ataque na semana passada
a um importante templo xiita em
Samarra, explodiram. Agora, os
sunitas acusam o governo de Jaafari de cometer abusos contra a
minoria, numa espécie de retaliação pelos anos sob Saddam.
Já com os curdos o problema é
outro. A maioria dos membros
desse grupo étnico no Iraque
também é muçulmana sunita,
mas se aliou na primeira hora
com os árabes xiitas por dividir
com eles interesses políticos e o
passado de repressão por Saddam. A harmonia se desfez quando Jaafari visitou a Turquia, que
reprime duramente sua população curda, no início da semana.
Os curdos ainda o acusam de retardar a definição sobre o status
de Kirkuk, cidade petroleira dominada por essa minoria étnica.
Os EUA tentam mediar as negociações, pois apostam num governo de coalizão para estancar a violência -e a estabilidade é o único
meio de trazer de retirar seus mais
de 130 mil soldados do Iraque.
Entretanto os confrontos não
dão sinal de arrefecer. Em Sadr
City, um dos bairros mais populosos e pobres da capital, majoritariamente xiita, uma bomba explodiu em um microônibus e matou cinco pessoas. Em outra região de Bagdá, uma bomba que
visou um posto policial atingiu
um mercado e matou oito civis.
O carro do líder político sunita
Adnan al Dulaimi foi atacado em
uma emboscada, e um de seus seguranças morreu. Na tentativa de
domar o caos, o trânsito de veículos está proibido hoje na capital.
Em Basra, no sul, um imã sunita
foi morto, e, em Samarra, no norte, um ataque contra um posto
policial fez dez baixas. Outros
quatro policiais foram assassinados em Mossul, mais ao norte.
Ainda ontem, o comando americano anunciou a prisão de 61 supostos membros da Al Qaeda em
uma ação no oeste do país, na
qual um soldado morreu. A rede
terrorista é suspeita do ataque à
Mesquita Dourada, em Samarra.
Com agências internacionais
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