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Britânicos reclamam de ação dos EUA
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
Começam a ficar visíveis diferenças entre os EUA e o Reino
Unido. Comandantes britânicos
vêm manifestando sua consternação com a dureza com que as tropas dos EUA estão tratando os civis iraquianos, segundo o jornal
londrino "The Times".
Fontes graduadas do governo
britânico citadas pelo jornal dizem que as mortes de civis por
soldados americanos em barreiras militares evidenciaram uma
série de diferenças militares e políticas que estão criando pequenas
rachaduras entre os dois.
As relações já tinham sido afetadas pelas mortes de soldados britânicos em incidentes do chamado "fogo amigo". Depois do "ataque" de um piloto dos EUA a um
comboio britânico, um dos sobreviventes acusou os americanos de
não terem qualquer preocupação
com a vida humana. Um comandante da Marinha Real reclamou
da atitude das tropas americanas
em relação à população no Iraque
e disse que isso estava pondo seus
homens em perigo.
Os militares britânicos têm buscado se distanciar do comportamento dos americanos, citando
sua experiência em administrar
barreiras militares e civis nos anos
de conflito na Irlanda do Norte.
Desde terça-feira, em quatro cidades do sul do Iraque, soldados do
Reino Unido vêm substituindo os
capacetes por boinas militares.
"Nunca se vê fuzileiros americanos andando com suas boinas.
Eles ainda usam capacetes na
Bósnia. É preciso ter muito cuidado para não ganhar a batalha e
perder a guerra. Temos que ser
sensíveis e não queremos criar
ressentimentos no país", disse
uma fonte militar ao "Times".
Na área política, há indicações
de que os EUA já preparam um
governo comandado por americanos para administrar o Iraque.
Londres insiste em uma administração com o respaldo da ONU e
assegura que não há divergências
com os EUA em relação a isso.
Ontem, o premiê britânico,
Tony Blair, defendeu o apoio da
ONU para um governo interino e
disse que o poder deveria ser entregue aos iraquianos assim que
possível. "É importante que trabalhemos como forças de coalizão, como países de coalizão, em
consultas próximas e em parceria
com a ONU, para tentar desenvolver o tipo correto de autoridade interina no Iraque", disse ele
no Parlamento.
Ele reconheceu que há divisões
dentro da ONU sobre um futuro
governo interino no Iraque, mas
disse que eram diferenças conciliáveis e que os iraquianos devem
governar o país o mais rapidamente possível. "O Iraque não deve ser governado nem pela coalizão nem pela ONU. Deve ser governado pelos iraquianos o quanto antes possível", disse.
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