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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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Britânicos reclamam de ação dos EUA

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

Começam a ficar visíveis diferenças entre os EUA e o Reino Unido. Comandantes britânicos vêm manifestando sua consternação com a dureza com que as tropas dos EUA estão tratando os civis iraquianos, segundo o jornal londrino "The Times".
Fontes graduadas do governo britânico citadas pelo jornal dizem que as mortes de civis por soldados americanos em barreiras militares evidenciaram uma série de diferenças militares e políticas que estão criando pequenas rachaduras entre os dois.
As relações já tinham sido afetadas pelas mortes de soldados britânicos em incidentes do chamado "fogo amigo". Depois do "ataque" de um piloto dos EUA a um comboio britânico, um dos sobreviventes acusou os americanos de não terem qualquer preocupação com a vida humana. Um comandante da Marinha Real reclamou da atitude das tropas americanas em relação à população no Iraque e disse que isso estava pondo seus homens em perigo.
Os militares britânicos têm buscado se distanciar do comportamento dos americanos, citando sua experiência em administrar barreiras militares e civis nos anos de conflito na Irlanda do Norte. Desde terça-feira, em quatro cidades do sul do Iraque, soldados do Reino Unido vêm substituindo os capacetes por boinas militares.
"Nunca se vê fuzileiros americanos andando com suas boinas. Eles ainda usam capacetes na Bósnia. É preciso ter muito cuidado para não ganhar a batalha e perder a guerra. Temos que ser sensíveis e não queremos criar ressentimentos no país", disse uma fonte militar ao "Times".
Na área política, há indicações de que os EUA já preparam um governo comandado por americanos para administrar o Iraque. Londres insiste em uma administração com o respaldo da ONU e assegura que não há divergências com os EUA em relação a isso.
Ontem, o premiê britânico, Tony Blair, defendeu o apoio da ONU para um governo interino e disse que o poder deveria ser entregue aos iraquianos assim que possível. "É importante que trabalhemos como forças de coalizão, como países de coalizão, em consultas próximas e em parceria com a ONU, para tentar desenvolver o tipo correto de autoridade interina no Iraque", disse ele no Parlamento.
Ele reconheceu que há divisões dentro da ONU sobre um futuro governo interino no Iraque, mas disse que eram diferenças conciliáveis e que os iraquianos devem governar o país o mais rapidamente possível. "O Iraque não deve ser governado nem pela coalizão nem pela ONU. Deve ser governado pelos iraquianos o quanto antes possível", disse.


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