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Congresso apóia Powell no pós-guerra
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Congresso dos EUA impôs
uma derrota ao presidente George W. Bush e ao secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, nos planos de deixar a maior parte da
responsabilidade na reconstrução
do Iraque para os militares.
Dezenas de membros graduados das Forças Armadas já estão
no Kuait, sob o comando do general reformado Jay Garner, elaborando planos nesse sentido.
Esperavam entrar no Iraque depois de 30 dias de guerra e realizar
a transição para um novo governo em outros 90 dias.
Além de a guerra poder durar
mais do que o previsto, os planos
do Pentágono agora esbarram
nos parlamentares, tanto republicanos quanto democratas.
Do pedido de mais de US$ 75 bilhões para a guerra que Bush enviou ao Congresso na semana
passada, a Casa Branca contava
com US$ 2,5 bilhões para o Pentágono iniciar a ajuda humanitária
e a reconstrução iraquiana.
Os Congressistas decidiram, no
entanto, que vão votar o pedido
condicionando que o dinheiro tenha uma destinação clara: o Departamento de Estado, comandado por Colin Powell.
O revés é mais um sintoma do
descontentamento entre os políticos com a condução da guerra,
que teve suas dimensões e planejamento decididas em boa medida por um grupo extremamente
restrito controlado por Rumsfeld.
Esta semana, Rumsfeld adiou
por tempo indeterminado a ida
de uma equipe de oito pessoas escolhidas por Powell para trabalharem com Garner no Kuait.
Garner vem se reunindo diariamente com a sua equipe para
acertar detalhes da transição.
As discussões tratam de assuntos variados, desde a substituição
do dinheiro iraquiano pelo dólar
no período de transição -já que
a figura de Saddam Hussein aparece nas cédulas atuais- até a implementação de uma imprensa livre no país após a guerra.
O Departamento de Estado vinha exigindo uma participação
mais ativa nessas discussões. Agora, Bush e os militares comandados por Rumsfeld devem ceder, já
que o Congresso tende a autorizar
a liberação do dinheiro para o
pessoal de Powell.
"O secretário de Estado é a pessoa apropriada para cuidar da assistência externa", afirma o republicano James Kolbe, do Arizona.
"Ponto pacífico: reconstrução é
um assunto civil", disse.
Mesmo entre os republicanos,
crescem as críticas sobre a condução da guerra por Rumsfeld.
Já entre os democratas, a estratégia tem sido o silêncio. Sem candidato definido para a eleição de
2004, o partido evita críticas em
um momento em que a opinião
pública é amplamente favorável a
Bush e à guerra.
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