UOL


São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Congresso apóia Powell no pós-guerra

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Congresso dos EUA impôs uma derrota ao presidente George W. Bush e ao secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, nos planos de deixar a maior parte da responsabilidade na reconstrução do Iraque para os militares.
Dezenas de membros graduados das Forças Armadas já estão no Kuait, sob o comando do general reformado Jay Garner, elaborando planos nesse sentido.
Esperavam entrar no Iraque depois de 30 dias de guerra e realizar a transição para um novo governo em outros 90 dias.
Além de a guerra poder durar mais do que o previsto, os planos do Pentágono agora esbarram nos parlamentares, tanto republicanos quanto democratas.
Do pedido de mais de US$ 75 bilhões para a guerra que Bush enviou ao Congresso na semana passada, a Casa Branca contava com US$ 2,5 bilhões para o Pentágono iniciar a ajuda humanitária e a reconstrução iraquiana.
Os Congressistas decidiram, no entanto, que vão votar o pedido condicionando que o dinheiro tenha uma destinação clara: o Departamento de Estado, comandado por Colin Powell.
O revés é mais um sintoma do descontentamento entre os políticos com a condução da guerra, que teve suas dimensões e planejamento decididas em boa medida por um grupo extremamente restrito controlado por Rumsfeld.
Esta semana, Rumsfeld adiou por tempo indeterminado a ida de uma equipe de oito pessoas escolhidas por Powell para trabalharem com Garner no Kuait. Garner vem se reunindo diariamente com a sua equipe para acertar detalhes da transição.
As discussões tratam de assuntos variados, desde a substituição do dinheiro iraquiano pelo dólar no período de transição -já que a figura de Saddam Hussein aparece nas cédulas atuais- até a implementação de uma imprensa livre no país após a guerra.
O Departamento de Estado vinha exigindo uma participação mais ativa nessas discussões. Agora, Bush e os militares comandados por Rumsfeld devem ceder, já que o Congresso tende a autorizar a liberação do dinheiro para o pessoal de Powell.
"O secretário de Estado é a pessoa apropriada para cuidar da assistência externa", afirma o republicano James Kolbe, do Arizona. "Ponto pacífico: reconstrução é um assunto civil", disse.
Mesmo entre os republicanos, crescem as críticas sobre a condução da guerra por Rumsfeld.
Já entre os democratas, a estratégia tem sido o silêncio. Sem candidato definido para a eleição de 2004, o partido evita críticas em um momento em que a opinião pública é amplamente favorável a Bush e à guerra.


Texto Anterior: Britânicos reclamam de ação dos EUA
Próximo Texto: Artigo: Que venha a revolução
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.