de Londres

O maior prejuízo que as manifestações do 1º de Maio contra o capitalismo causaram aos londrinos não foi a depredação de algumas lojas e carros nem o caos no centro da cidade. O maior dano foi moral.
Ver a imagem do ex-premiê e herói de guerra Winston Churchill (1874-1965) pichada chocou os ingleses. Com tinta vermelha na boca, como se escorresse sangue, e um tufo de grama verde na cabeça, como um topete punk ou moicano, a imagem de Churchill estampou a primeira página dos principais jornais do Reino Unido.
Ontem, veteranos de guerra foram à praça para depositar flores em frente à estátua do político que comandou o Reino Unido na batalha contra a Alemanha nazista.
"Isso é um desrespeito", disse o aposentado John Wilcox. "Se não fosse por Churchill, nós teríamos perdido a guerra para os nazistas e não seríamos o que somos hoje."
Enquanto políticos questionavam, dentro do Parlamento, se a polícia foi muito branda na repressão aos manifestantes, funcionários públicos limpavam, do lado de fora, a estátua de Churchill e outros monumentos que foram pichados pelos ativistas contra a "globalização".
O premiê Tony Blair anunciou que estuda medidas mais duras para evitar a repetição dos atos de vandalismo. "Existe uma longa tradição neste país em que as pessoas se manifestem pacificamente, mas não pode haver abuso", disse Blair. "Esse tipo de coisa não pode acontecer de novo. Existe o direito de expressão, mas com responsabilidade e dentro dos limites da lei."
A contabilidade dos confrontos de anteontem registra 97 prisões e a depredação de algumas lojas, restaurantes e carros. Nas contas da polícia, o trabalho de limpeza e reconstrução do que foi danificado custará cerca de R$ 1,5 milhão. A polícia filmou e fotografou os manifestantes e pretende investigá-los para que sejam julgados pelos danos provocados na manifestação. (RG)


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