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ÁUSTRIA
Para a vice-chanceler do país, nem todos os integrantes da tropa de elite nazista podem ser responsabilizados
Aliada de Haider desculpa parte da SS
JULIETA RUDICH
do "El País", em Viena
A nova presidente do Partido da
Liberdade, Susanne Riess-Passer,
39, herdou de Joerg Haider não só
o cargo, mas também as polêmicas posições do líder de extrema
direita, que isolaram a Áustria.
Riess-Passer assumiu a função,
anteontem, criticando os parceiros europeus pelas punições adotadas em resposta à subida do PL
ao governo, coligado ao Partido
do Povo, do chanceler (premiê)
Thomas Klestil, em fevereiro.
Antes da posse, Riess-Passer
-vice de Klestil- repetiu o discurso de Haider, ao defender que
nem todos os integrantes da SS, a
tropa de elite nazista, podem ser
considerados criminosos.
Pergunta - Como será a Áustria dentro de cinco anos?
Susanne Riess-Passer - A influência dos partidos políticos,
que ainda é grande demais, será
reduzida ao mínimo, e o aparato
burocrático também, de modo
que não restem obstáculos à atividade econômica. Então a Áustria
será um Estado inovador, que servirá de exemplo a outros países.
Pergunta - A senhora acha que
falta à Áustria uma reflexão sobre o passado nazista?
Riess-Passer - Todos os partidos austríacos afirmaram que a
Áustria foi a primeira vítima de
Hitler. Com isso, evitaram assumir responsabilidade ou culpa.
Nos últimos anos, porém, a Áustria reconheceu que exerceu um
papel no sistema nacional-socialista. Não é exatamente motivo de
prestígio para a Áustria o fato de
ter sido o último país a ocupar-se
desse assunto.
Pergunta - Tendo nascido em
Braunau, cidade natal de Hitler,
a senhora observou resquícios
do fervor nacional-socialista?
Riess-Passer - Não passei minha infância em Braunau, e sim
em Salzburgo. Sei que muitos estudantes de minha geração nunca
viram o tema da 2ª Guerra nas aulas. A história acabava em 1918.
Eu tive sorte -no meu colégio
era diferente.
Pergunta - Em certa ocasião,
Joerg Haider elogiou as Waffen-SS. Como a senhora as qualifica?
Riess-Passer - As Waffen-SS,
como parte das SS, eram uma organização criminosa, sem dúvida,
que fazia parte de um regime criminoso, mas acho que também
neste caso é preciso traçar distinções ao falar de culpas individuais. Precisamos reconhecer que
houve pessoas que participaram
do sistema sem serem culpadas
por ele e que, mais tarde, encontraram o caminho à democracia.
É muito fácil fazer julgamentos
agora, depois de 55 anos. Mas
acho que hoje aquela geração sabe que aquele regime foi um erro
fatal na história.
Tradução de Clara Allain
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