São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Visando popularidade, Uribe faz desmobilização virar show pirotécnico

DA ENVIADA A MEDELLÍN

De olho em sua alta popularidade, calcada sobre a política linha-dura contra os grupos armados, o presidente Álvaro Uribe fez das cerimônias de desmobilização dos paramilitares das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) um show de pirotecnia.
Helicópteros militares são envoltos em fitas com as cores da bandeira colombiana; também nas cores da bandeira, explodem fogos de artifício.
Missas são celebradas. Altos comandantes acusados de graves crimes posam com flores nas mãos e ao lado de imagens da Virgem de Guadalupe, objeto de devoção entre paras.
Até o início deste ano, Uribe conseguiu a desmobilização de 30.412 paramilitares de vários blocos das AUC, num processo criticado por ONGs como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch.
A principal crítica é que a Lei de Justiça e Paz, que regulou o processo, prevê punições brandas para os desmobilizados, além de blindá-los contra extradições e não dar garantias de reparação das vítimas e do desmantelamento de seu poderio militar.
Segundo dados oficiais, apenas 16.984 armas foram entregues durante todo o processo de desmobilização -um número bastante inferior ao de total de desmobilizados.
Uma exigência da lei é que os desmobilizados façam parte do programa de reinserção, com ajuda psicossocial e de formação educacional e profissional por 18 meses. Se reincidem em delitos, perdem os benefícios.
Em 2005, os EUA destinaram US$ 20 milhões ao processo de desmobilização, com a condição de que o governo colabore com a extradição dos chefes paramilitares. (CVN)


Texto Anterior: "Tínhamos de resolver", diz ex-paramilitar
Próximo Texto: América Latina: Há déficit de oferta política na região, diz Touraine em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.