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África subsaariana tem 70% dos casos
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
A Aids é a maior ameaça ao desenvolvimento da África subsaariana, de acordo com as Nações Unidas e com analistas. Pessoas que ocupam cargos-chave para o
desenvolvimento do continente estão morrendo, incluindo professores, funcionários da área da saúde, agricultores e outros jovens profissionais.
"As guerras civis e a queda na assistência financeira à África sem
dúvida prejudicam o progresso do continente, mas o pior obstáculo ao desenvolvimento da África subsaariana é a disseminação fora de controle do vírus HIV e a falta de acesso ao tratamento",
afirma Robert Bates, especialista
em política africana na Universidade Harvard (EUA).
Como alerta o relatório da
Unaids, a doença ameaça dizimar
toda uma geração na África subsaariana e desestabilizar a região.
Uma pesquisa realizada por 15
empresas na Etiópia revelou que,
em um período de cinco anos,
53% das doenças dos funcionários estavam relacionadas à Aids.
Há pelo menos 28,5 milhões de
pessoas com HIV na África subsaariana atualmente -mais de
70% dos casos contabilizados no
mundo. Apenas no ano passado,
houve 3,5 milhões de novos casos
de infecção e 2,2 milhões de mortes. A expectativa de vida média
hoje é de 47 anos. Sem a Aids, seria de 62 anos. Em 1999, 860 mil
crianças africanas perderam seu
professor para a Aids.
Os dez países com maior número de infectados entre 15 e 49 anos
ficam na África subsaariana, segundo o relatório divulgado ontem pela Unaids. A média na região aumentou de 8,6%, no final
de 1999, para 9%. A epidemia é
transmitida sobretudo por relações sexuais sem preservativo entre heterossexuais.
Em Botsuana, 38,8% das pessoas com entre 15 e 49 anos estão
infectadas com HIV, um aumento
de 2,8 pontos percentuais em relação a 1999. No país, 44% das grávidas estão infectadas. Por causa
da Aids, a expectativa de vida em
Botsuana está abaixo dos 40 anos
pela primeira vez desde 1950.
Em Maláui, Moçambique e Suazilândia, as pessoas também morrem, em média, antes de completar 40 anos. Sem a Aids, viveriam
pelo menos até 60 anos.
Esperança
Uma exceção no quadro sombrio é a experiência de Uganda,
país que, por meio de uma ampla
campanha de conscientização,
conseguir reduzir o número de
grávidas infectadas com o vírus
HIV em áreas urbanas por vários
anos consecutivos. De 29,5%, em
1995, a porcentagem de infectadas
caiu para 11,25% em 2000. E a
Zâmbia deve seguir o mesmo caminho, graças à ênfase na educação, segundo especialistas.
Já na Somália, o Unicef diz que
mais de 70% das adolescentes
nunca ouviram falar da doença.
O acesso ao tratamento ainda é
bastante desigual em diferentes
regiões do mundo.
"Ao menos 500 mil pessoas receberam tratamento no Ocidente
no ano passado, e pouco mais de
25 mil pessoas morreram de Aids
na região. Na África, 30 mil estão
recebendo tratamento e 2,2 milhões de pessoas morreram. Absolutamente, é um tipo inaceitável de diferença", afirmou Peter
Piot, diretor-executivo de Unaids.
A conferência internacional que
será realizada em Barcelona na semana que vem deve lidar com a
questão de forma urgente para que mude a situação na África
subsaariana, onde apenas 0,1% dos infectados têm acesso a medicamentos contra a Aids.
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