São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Estimulados por uma multidão, membros de grupo terrorista matam a tiros homem acusado de colaborar com Israel

Palestinos matam "traidor" em praça pública

DA REDAÇÃO

Membros de um grupo terrorista palestino executaram a tiros em praça pública um homem suspeito de colaborar com Israel, enquanto a população da cidade na Cisjordânia onde ocorreu o fato exigia em coro sua morte.
Quatro membros das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa retiraram Muhammad Rafiq Daraghmeh, 45, do hospital e o levaram a uma praça de Qabatiya. Diante de centenas de moradores, perguntaram ao suspeito: "Você é um colaborador da inteligência israelense?". "Sim", ele respondeu.
Daraghmeh também admitiu ter molestado sexualmente suas duas filhas adolescentes, acusação feita por alguns de seus parentes.
Em seguida, um dos militantes perguntou à multidão: "Qual deve ser sua sentença?". "Mate-o, mate-o", responderam os espectadores. Daraghmeh foi empurrado para o chão e metralhado. "Ele mereceu", disse um morador.
"O que ele fez foi vergonhoso. Não o consideramos mais como um de nós", disse um primo de Daraghmeh à agência Reuters. Disse também que um de seus irmãos tentou matá-lo a facadas para redimir a honra da família. Ferido, o palestino foi internado.
Ao menos 30 palestinos acusados de "colaboracionismo" foram mortos desde o início da Intifada (revolta palestina) em setembro de 2000. Daraghmegh era acusado de guiar soldados israelenses a esconderijos terroristas.
"Era necessário fazer dele um exemplo", disse Jamal Abu Rab, líder local das Brigadas, grupo terrorista ligado ao partido político de Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Nacional Palestina.
A ANP condenou a ação. "Queremos que todos os atos sejam conduzidos pelas vias legais. Mas somos incapazes de impor a lei e a ordem nas áreas palestinas ocupadas", disse Jamal Al Shobaki, representante local da ANP.
Observadores palestinos dizem que os ataques pesados de Israel contra as instalações da ANP e o cerco às cidades palestinas estão minando a autoridade central palestina e tornando as cidades da região ingovernáveis, beirando a anarquia. Nesse quadro, os grupos armados ganham cada vez mais poder, chegando a intimidar prefeitos e mesmo agredi-los.

Barreira sob revisão
Israel disse ontem que ignorará decisão prevista para sexta da Corte Internacional de Justiça, tribunal ligado à ONU baseado em Haia (Holanda), sobre a legalidade da barreira que o país ergue na Cisjordânia ocupada. Segundo Israel, a barreira -um complexo de muros, cerca de arame farpado eletrificadas e fossos- visa proteger o país dos terroristas. Para os palestinos, ela estabelece unilateralmente as fronteiras de Israel, anexando terras palestinas.
"Não podemos aceitar o envolvimento externo", disse o chanceler israelense, Silvan Shalom. "Acreditamos que Israel possa lidar com essa questão por sua própria conta.". Nesta semana, a Justiça do país ordenou a alteração do trajeto da barreira porque ela causava demasiado sofrimento aos palestinos.


Com agências internacionais

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