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PAZ AMEAÇADA
Reino Unido e Irlanda mantêm a reforma política na região, mas continua o impasse sobre arsenal do IRA
Blair tenta salvar acordo na Irlanda do Norte
SYLVIA COLOMBO
de Londres
Depois de uma semana de negociações, os primeiros-ministros do
Reino Unido, Tony Blair, e da República da Irlanda, Berthie Ahern,
anunciaram ontem ter entrado em
acordo com os líderes políticos da
Irlanda do Norte para que se dê
continuidade à implementação do
Acordo da Sexta-Feira Santa.
Este acordo, assinado em abril de
98, visa estabelecer bases para a devolução de autonomia política à Irlanda do Norte, a exemplo do que
aconteceu com a Escócia e o País
de Gales, por meio da formação de
um Parlamento.
O acordo estabelece itens que deveriam ser cumpridos pelos partidos representantes de católicos e
protestantes, grupos rivais e histórico foco de tensão na região.
O principal item do documento,
o da deposição das armas do IRA
(Exército Republicano Irlandês)
até maio de 2000, gerou o impasse
que ameaçou o processo de paz.
De um lado, o Partido Unionista
do Ulster, maior grupo político da
Irlanda do Norte e representante
dos interesses dos protestantes,
afirmou que o Sinn Fein, braço político do IRA, não poderia fazer
parte do novo governo caso não
garantisse que o grupo deporia armas até o prazo estabelecido.
O Sinn Fein, por sua vez, não garantia que o IRA cumprisse a meta
dentro do prazo estipulado.
No final da tarde de ontem, Blair
disse que um plano havia sido
acertado. Os partidos devem resolver suas divisões internas e formular uma nova posição em relação à
questão das armas. Paralelamente,
Blair disse que havia obtido um
comprometimento do IRA, por
meio do Sinn Fein, de que um calendário para a deposição das armas será estabelecido, começando
dentro de alguns dias e terminando até maio do ano 2000.
Assim, Blair disse que o processo
de entrega do poder legislativo ao
novo Parlamento da Irlanda do
Norte deve começar em 15 de julho, com o Partido Unionista do
Ulster e o Sinn Fein tomando parte
no gabinete do governo da região.
A criação dos Parlamentos da Irlanda do Norte e da Escócia e da
Assembléia do País de Gales fazem
parte de um projeto de descentralização do poder no país. Londres,
porém, continua contra a independência dessas regiões.
O Acordo da Sexta-Feira Santa
representou, em 98, uma vitória do
recém-empossado Partido Trabalhista. Reafirmar seu sucesso por
meio das negociações representa
para Blair uma tentativa de recuperar sua popularidade, abalada
por recentes derrotas eleitorais.
A primeira foi em eleições regionais no Reino Unido, em maio, que
apontaram para uma recuperação
dos conservadores (oposição). A
segunda se deu nas eleições européias, quando os partidos de centro-direita recuperaram a maioria
no Parlamento Europeu.
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