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CERCO AO EX-DITADOR
Governo tem indícios que ligam o general a assassinato de opositor chileno em Washington, em 1976
EUA estudam processo contra Pinochet
MARCIO AITH
de Washington
O governo dos EUA já tem indícios suficientes para ligar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet ao
atentado que matou em 1976, em
Washington, Orlando Letelier,
chanceler do governo deposto de
Salvador Allende, e sua assistente
Ronni Moffitt.
Segundo a Folha apurou com um
alto funcionário do Departamento
de Estado dos EUA, o processo não
foi aberto porque ainda existem
opiniões conflitantes dentro do
governo sobre sua viabilidade política e estratégica.
No entanto, segundo essa fonte,
as opiniões favoráveis ao processo
contra o ex-ditador incluem a do
próprio presidente Clinton e estão
muito mais sólidas do que na data
em que o ex-ditador foi preso em
Londres a pedido do governo da
Espanha.
Letelier era um dos principais
críticos de Pinochet, que liderou o
golpe de Estado no Chile em 1973 e
governou o país por 17 anos. Moffitt, integrante do Instituto de Estados Políticos, sediado em Washington, era sua assistente.
Pinochet está detido em Londres
à espera da conclusão do processo
de extradição instaurado a pedido
da Justiça da Espanha, onde o ex-ditador é acusado de genocídio,
terrorismo de Estado e tortura.
As investigações nos EUA estão
sendo conduzidas pela secretária
de Justiça, Janet Reno. O caso Letelier nunca havia sido fechado oficialmente nos EUA, mas esteve
praticamente parado até começar
a ser revisto durante o governo
Clinton.
Na última quinta-feira, os EUA
confirmaram que o Departamento
de Justiça esteve em contato intenso com a Justiça espanhola, nos últimos meses, para obter informações sobre o caso.
A busca de informações na Espanha teria como objetivo fazer com
que um processo contra Pinochet
não dependa somente dos documentos secretos do período produzidos pela CIA (Agência Central
de Inteligência).
Segundo a Folha apurou, um
processo sustentado apenas por
documentos da CIA poderia estimular críticas segundo as quais os
EUA sabiam da autoria, mas nada
fizeram para apurar um atentado
realizado dentro de um bairro nobre de sua própria capital e que
matou ao menos uma cidadã norte-americana.
O governo dos EUA divulgou na
última quarta-feira os documentos
sobre abusos cometidos durante o
governo Pinochet.
Dos 5.800 arquivos tornados públicos, 5.000 vieram do Departamento de Estado. A CIA divulgou
apenas 490 documentos e manteve
o sigilo sobre aqueles que guardam
relação com o caso Letelier -justamente os mais importantes.
Os documentos divulgados revelam que a CIA e outras agências
governamentais tinham relatórios
detalhados sobre abusos contra os
direitos humanos cometidos pelos
militares chilenos.
No entanto, não há evidências
claras de que os EUA auxiliaram
Pinochet a depor Allende.
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