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Caso provoca críticas a Pio 9º
DA REDAÇÃO
Por ordem do papa Pio 9º, Edgardo Mortara, então com 6 anos,
foi retirado dos braços do pai,
chefe de uma família judaica de
Bolonha, em 24 de junho de 1858.
Uma empregada católica disse
ter batizado o menino quatro
anos antes quando ele estava muito doente. Sob a lei vigente à época, ela prestava um serviço à igreja
ao tentar "salvar a alma" de uma
criança à beira da morte.
Pio 9º rejeitou apelos de familiares de Edgardo e ignorou protestos internacionais enquanto a
igreja educava o menino até ele se
tornar adulto e ser ordenado.
"Você é muito querido, meu filho, pois paguei um alto preço para tê-lo. Há uma enxurrada de
protestos contra mim", escreveu
o papa a Edgardo em 1867.
"As pessoas lamentaram o mal
que seus pai enfrentaram, mas
você foi regenerado pela graça do
batismo sagrado e educado de
acordo com a vontade divina.
Nesse tempo, ninguém mostrou
preocupação comigo, pai de todos os crentes", afirmou.
Atualmente aposentado, o engenheiro Amadeo Mortara, 78,
era um menino quando sua família recebia a visita de Edgardo.
"Nos últimos dias de sua vida,
ele tinha pesadelos que o retratavam sendo arrancado da família",
afirma Amadeo. "Realmente não
compreendo o papa", diz outra
parente de Edgardo, Elena Mortara. "A ferida do caso Mortara ainda repercute em minha família."
"Mesmo no século 19, ações como o sequestro de Mortara eram
vistas com estupor e condenação", afirma o Comitê Judaico Internacional para Assuntos Inter-Religiosos, com sede nos EUA.
Na tentativa de rebater as críticas contra Pio 9º, o monsenhor
Brunero Gherardini disse que a
ação da igreja respeitou as leis da
época e que "os direitos da família
não foram prejudicados".
No jornal "L'Osservatore Romano", ligado ao Vaticano, Gherardini cita uma carta, escrita em
1912, em que Edgardo, então com
61 anos, diz que sempre teve o direito de visitar sua família e nunca
manifestou "a mínima intenção"
de voltar para casa.
(PDF)
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