São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2000


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ESCÂNDALO

Comissão que investigaria supostos subornos para aprovar reforma trabalhista é suspensa 48 horas após sua aprovação

Senado da Argentina suspende a CPI

GUSTAVO CHACRA
EM SÃO PAULO

O Senado argentino suspendeu ontem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigaria os supostos subornos para aprovar a reforma trabalhista. A decisão ocorreu 48 horas após sua aprovação por unanimidade.
A CPI foi considerada inútil pelos senadores, após os avanços nas investigações realizadas pelo juiz Carlos Liporaci. Ontem o juiz disse que há fortes indícios de que o dinheiro para o suposto suborno seria proveniente de algum organismo do Poder Executivo.
Esta semana, Liporaci pretende investigar as contas de ministérios e secretarias do governo do presidente Fernando de la Rúa.
Até agora, as principais consequências das suspeitas de compra de votos foram o pedido de Liporaci para que seja retirada a imunidade parlamentar de oito senadores e a renúncia de outros quatro, entre eles Eduardo Menem, irmão do ex-presidente Carlos Menem (1989-99).
O objetivo desses senadores, com o pedido de renúncia, é sair da cena política, para que não sofram com possíveis sequelas das investigações, o que os prejudicaria nas eleições para o Senado no próximo ano.
A retirada da imunidade parlamentar ainda precisa ser aprovada pelo Senado, em votação prevista para terça.
Segundo denúncias, senadores argentinos, tanto da oposição como governistas, teriam repartido US$ 10 milhões para aprovar a reforma trabalhista -que prevê flexibilização do mercado de trabalho-, em abril deste ano.
Liporaci, juiz responsável pelo caso, diz ter provas de que o suborno ocorreu, mas as guarda em segredo. Por enquanto há apenas denúncias de conhecimento público. Em uma delas, o senador Antonio Cafiero, do Partido Justicialista (oposição), disse ter ouvido colegas afirmarem que receberam ou tiveram conhecimento de que houve suborno.
Uma jornalista do diário "La Nación", de Buenos Aires, foi mais longe e afirmou que o senador Emilio Canterero, do PJ, disse-lhe que recebeu dinheiro para aprovar a reforma.
O escândalo no Senado argentino já está sendo considerado uma das maiores crises políticas do país desde 1983, quando terminou o regime militar (1976-83).
Por enquanto, nenhum integrante do governo De la Rúa foi envolvido, apesar das suspeitas que recaem sobre o ministro do Trabalho, Alberto Flamarique, e do secretário de Inteligência e Defesa Estratégica, Fernando de Santibañes. O presidente negou que possa haver renúncias ou demissões no seu gabinete.



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