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Após 105 dias de combate, Líbano retoma campo de refugiados
Ao menos 31 membros do grupo radical Fatal al Islam morrem no confronto
DA REDAÇÃO
O Exército libanês retomou
ontem o controle do campo de
refugiados palestinos de Nahr
el Bared, perto de Trípoli (norte), que estava em poder do Fatah al Islam havia mais de três
meses. Pelos menos 31 membros da milícia radical islâmica
morreram -algumas fontes
chegam a contabilizar 42 mortos, sendo três militares.
"Estou feliz por informar a
vocês a vitória da nação e o
grande triunfo que o Exército
libanês obteve sobre os terroristas", disse o premiê Fuad Siniora em rede de TV. Já o presidente Emile Lahoud afirmou
que o Exército "fez o que as superpotências não conseguiram
ao enfrentar o terrorismo".
Após ser anunciada a retomada do campo, dezenas de
moradores saíram às ruas tocando as buzinas dos carros e
jogando arroz nos comboios de
soldados, enquanto militares
agitavam bandeiras do Líbano.
"O Exército triunfou. Eles
são nossos defensores, gritava
Mohammed Ali Masri, 32.
Os conflitos tiveram início
em 20 de maio, quando o grupo
-que diz ser inspirado pela Al
Qaeda e era bastante obscuro
então- atacou as posições do
Exército perto do campo.
O governo libanês chegou a
anunciar, em julho passado,
que os milicianos haviam sido
expulsos do campo, mas os
combates prosseguiram, com
bombardeios quase diários.
"A maior parte dos terroristas foi morta ontem. Outros foram capturados. Alguns poucos
conseguiram escapar, mas o
Exército está à sua procura",
disse uma fonte que pediu para
preservar o anonimato.
Paradeiro do líder
Não está claro qual é o destino de Shaker al Abssi, líder do
grupo. Uma autoridade disse
que um clérigo islâmico palestino, que negociou com os milicianos durante os combates, reconheceu um corpo nas cercanias do hospital estatal e que
seria o de Abssi. As autoridades
enviaram sua mulher para
identificar o corpo, que será
submetido a teste de DNA.
A maior parte dos 40 mil moradores de Nahr el Bared -uma
colméia de casas e túneis reforçados contra possíveis ataques
aéreos de Israel- foi transferida para outro campo de refugiados palestinos na região.
Hoda Elturk, porta-voz de
uma agência da ONU que cuida
da comunidade de refugiados
palestinos, afirmou que a organização "está aguardando o sinal verde do Exército para entrar no campo". "Estamos esperando a retirada das minas e
dos escombros", concluiu.
Siniora afirmou que o local
está agora "sob a autoridade do
Exército libanês e de mais nenhuma outra [autoridade]". Segundo ele, o Estado vai reconstruir o campo palestino.
Nos mais de três meses de
embate, o número de soldados
mortos chegou a 157 -um deles, o brasileiro Ali Ahmad Smidi, tenente. Também morreram 131 milicianos e 42 civis.
Os combates foram os piores
ocorridos no Líbano desde a
Guerra Civil (1975-90) -o que
gerou temores de que a situação contaminasse todo o país,
onde as tensões entre diferentes facções políticas e religiosas
já vinham se agravando desde o
conflito entre o grupo islâmico
Hizbollah e Israel, em 2006.
Com agências internacionais
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