São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2007

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Após 105 dias de combate, Líbano retoma campo de refugiados

Ao menos 31 membros do grupo radical Fatal al Islam morrem no confronto

DA REDAÇÃO

O Exército libanês retomou ontem o controle do campo de refugiados palestinos de Nahr el Bared, perto de Trípoli (norte), que estava em poder do Fatah al Islam havia mais de três meses. Pelos menos 31 membros da milícia radical islâmica morreram -algumas fontes chegam a contabilizar 42 mortos, sendo três militares.
"Estou feliz por informar a vocês a vitória da nação e o grande triunfo que o Exército libanês obteve sobre os terroristas", disse o premiê Fuad Siniora em rede de TV. Já o presidente Emile Lahoud afirmou que o Exército "fez o que as superpotências não conseguiram ao enfrentar o terrorismo".
Após ser anunciada a retomada do campo, dezenas de moradores saíram às ruas tocando as buzinas dos carros e jogando arroz nos comboios de soldados, enquanto militares agitavam bandeiras do Líbano.
"O Exército triunfou. Eles são nossos defensores, gritava Mohammed Ali Masri, 32.
Os conflitos tiveram início em 20 de maio, quando o grupo -que diz ser inspirado pela Al Qaeda e era bastante obscuro então- atacou as posições do Exército perto do campo.
O governo libanês chegou a anunciar, em julho passado, que os milicianos haviam sido expulsos do campo, mas os combates prosseguiram, com bombardeios quase diários.
"A maior parte dos terroristas foi morta ontem. Outros foram capturados. Alguns poucos conseguiram escapar, mas o Exército está à sua procura", disse uma fonte que pediu para preservar o anonimato.

Paradeiro do líder
Não está claro qual é o destino de Shaker al Abssi, líder do grupo. Uma autoridade disse que um clérigo islâmico palestino, que negociou com os milicianos durante os combates, reconheceu um corpo nas cercanias do hospital estatal e que seria o de Abssi. As autoridades enviaram sua mulher para identificar o corpo, que será submetido a teste de DNA.
A maior parte dos 40 mil moradores de Nahr el Bared -uma colméia de casas e túneis reforçados contra possíveis ataques aéreos de Israel- foi transferida para outro campo de refugiados palestinos na região.
Hoda Elturk, porta-voz de uma agência da ONU que cuida da comunidade de refugiados palestinos, afirmou que a organização "está aguardando o sinal verde do Exército para entrar no campo". "Estamos esperando a retirada das minas e dos escombros", concluiu.
Siniora afirmou que o local está agora "sob a autoridade do Exército libanês e de mais nenhuma outra [autoridade]". Segundo ele, o Estado vai reconstruir o campo palestino.
Nos mais de três meses de embate, o número de soldados mortos chegou a 157 -um deles, o brasileiro Ali Ahmad Smidi, tenente. Também morreram 131 milicianos e 42 civis.
Os combates foram os piores ocorridos no Líbano desde a Guerra Civil (1975-90) -o que gerou temores de que a situação contaminasse todo o país, onde as tensões entre diferentes facções políticas e religiosas já vinham se agravando desde o conflito entre o grupo islâmico Hizbollah e Israel, em 2006.


Com agências internacionais


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