São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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PC se transforma em novo "clube da elite"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Partido Comunista (PC) da China chega ao seu 16º congresso com 66 milhões de filiados (cerca de 5% da população), quase 6 milhões a mais do que em 1997. O partido, como o capitalismo, se expande no país, deixando de ser abrigo da "vanguarda proletária" para se transformar num organismo que facilita a seus militantes navegar no mundo dos negócios.
Em outras palavras: para enriquecer na China é preciso cultivar bons contatos no Partido Comunista. Seus burocratas ainda são quase onipresentes na vida econômica, ao controlarem, por exemplo, concessões de disputados alvarás e acesso a valiosos recursos governamentais.
Há dois anos, o presidente Jiang Zemin derrubou mais uma muralha ideológica e defendeu a entrada dos empresários no Partido Comunista.
Para Jiang, os empresários deixam de ser "exploradores" para se transformarem em "importante força produtiva".
O capitalismo chinês demonstra, ao menos por enquanto, conviver sem sobressaltos com o pesado autoritarismo do Partido Comunista.
Existe, no entanto, a expectativa de que a "quinta geração de líderes", com maior vivência no exterior e que deverá suceder a Hu Jintao, esteja mais propensa a promover reformas políticas.

Viúvas do maoísmo
Apesar do casamento que criou o sistema descrito pela mídia oficial como "socialismo com características chinesas", sobrevivem no PC alguns bolsões "conservadores", que vêem com desconfiança a opção pelo capitalismo. Mas essas viúvas do maoísmo não contam com peso suficiente para fazer a "nau chinesa" mudar de rota.
Em seu ideário, o PC começou a substituir teses marxistas por doses de nacionalismo e eliminou o culto a personalidades que marcou a era Mao (1949-76). Mas o partido não rejeita frontalmente seu passado.
Afirma, com sua alquimia baseada em injeções de capitalismo, estar "combatendo a pobreza e o atraso" e adaptando "às novas condições" a herança deixada por seus fundadores e ideólogos. (JS)


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