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Para o Pentágono, queda de Candahar está próxima
DA REDAÇÃO
Em meio a avanços de tropas de
oposição afegãs e ao aumento do
poderio ofensivo dos EUA no
Afeganistão, as Forças Armadas
americanas disseram ontem que a
disputa por Candahar "está perto
de atingir seu ponto máximo".
A afirmação é do major James
B. Higgins, comandante do Pentágono na base americana ao sul
de Candahar, a única grande cidade afegã sob controle do Taleban.
"O Taleban está sofrendo muita
pressão, como se estivesse sendo
estrangulado por uma cobra",
comparou Higgins. "Há muitas
forças em jogo. Grupos de oposição [afegãos" se aproximam pelo
norte e pelo sudeste. E nós temos
potencial para agir de onde estamos", declarou o comandante.
Ontem, os fuzileiros navais praticamente dobraram o número de
helicópteros na região. São aparelhos de combate Cobra e helicópteros de reconhecimento Huey
que vieram do navio de guerra
anfíbio Bataan.
Com eles, também chegou à base um pequeno grupo de militares
de outros países da coalizão liderada pelos EUA. São oficiais da
Austrália, do Reino Unido e da
Alemanha, que participarão de
missões de reconhecimento.
Os militares americanos também expandiram a área de busca
e vigilância no sul afegão, com
comboios armados patrulhando
as principais rotas que levam à
fronteira com o Paquistão. Os
bombardeios a Candahar prosseguem de forma intensa -caças e
bombardeiros dos EUA são vistos
avançando em direção à cidade
em operações diurnas e noturnas.
O principal alvo dos EUA ontem continuou sendo o aeroporto
de Candahar, onde comandados
de Gul Agha, ex-governante pashtu da cidade, continuam enfrentando tropas do Taleban.
Segundo Khalid Pashtoon, porta-voz de Agha, 12 estrangeiros do
Taleban foram mortos durante os
confrontos de ontem. "Eram quase todos árabes", declarou Pashtoon, acrescentando que a maioria dos adversários na região não
são afegãos. "Eles [os estrangeiros" sabem que não têm opção e
estão lutando até a morte", disse.
O porta-voz disse que as forças
de Agha controlam metade do aeroporto e devem tomar todo o local em breve. Não há confirmação
independente do relato do porta-voz, e o Taleban afirma continuar
controlando a pista de pouso.
Também há informações de
que tropas de Hamid Karzai, líder
pashtu aliado ao ex-rei afegão Zahir Shah, também se aproximam
de Candahar -estariam a cerca
de 30 km da cidade. Há ainda relatos de que tropas da Aliança do
Norte -em torno de 4.000 homens- avançam para o reduto
do Taleban, vindas de Cabul.
Civis mortos
O mulá Najibullah, do Taleban,
afirmou que os ataques aéreos
dos EUA atingiram áreas civis nos
últimos dias, matando moradores
de Candahar. Segundo testemunhas, 15 pessoas morreram, incluindo nove crianças, na destruição de uma pequena aldeia com
cinco casas, localizada entre o aeroporto de Candahar e a cidade.
O morador Mohamad Khan,
que chegou a Shaman no Paquistão para receber atendimento médico, disse ter perdido cinco filhos
no ataque. "Foi por causa do meu
jipe, que uso para transportar vizinhos para a cidade", declarou
Khan, dizendo que os EUA confundiram seu automóvel com um
veículo militar. Os EUA não confirmaram o suposto ataque.
Em Jalalabad, no leste do país, o
hospital municipal recebeu dezenas de feridos, muitos com braços
e pernas decepados, que seriam
sobreviventes de um ataque equivocado dos EUA à aldeia de Kama
Ado, a 50 km ao sul da cidade.
Segundo testemunhas, até 200
pessoas morreram no bombardeio ao vilarejo, que fica na região
montanhosa de Tora Bora. Governantes pashtus locais estimaram as mortes em cerca de 20.
Os EUA, que suspeitam que o
terrorista Osama bin Laden possa
estar escondido em Tora Bora,
disseram não ter provas de que o
bombardeio tenha ocorrido.
Com agências internacionais
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