São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hizbollah agradece envio de dinheiro

DO ENVIADO ESPECIAL

Uma carta enviada do Líbano ao comerciante libanês Sobhi Mahmoud Fayed, preso no Paraguai, comprova que, apenas no ano passado, ele remeteu mais de US$ 3,5 milhões à Organização Benéfica Social "O Mártir", ligada ao grupo xiita Hizbollah.
O documento, escrito em árabe, foi apreendido em 3 de outubro na loja Apollo, em Ciudad del Este, pertencente ao libanês Assad Ahmad Barakat, com quem Fayed trabalha.
O promotor Carlos Arregui Romero, do Ministério Público paraguaio, recebeu na semana passada a tradução da carta para o espanhol, feita pelo tradutor público Mohamad Kaied.
A tradução mostra que a carta traz o título "A todos os que cumpriram com o chamado do enviado de Deus" e o seguinte texto: "Colocamos em suas mãos os resultados diretos de sua colaboração para a manutenção dos órfãos dos mártires, durante o ano de 2000. O total pago durante o ano 2000 alcançou a soma de US$ 3.535.149".
A Organização Benéfica Social "O Mártir" é responsável por cuidar das crianças cujos pais, considerados mártires, morreram em combate com soldados israelenses ou em atos terroristas praticados por eles próprios.
Na edição de 26 de novembro, a Folha informou que entre o material apreendido na loja de Barakat havia mais de 60 horas de discursos em CDs e vídeos de Hassan Nasrallah, o principal líder do Hizbollah. Em um deles, Nasrallah conclama os fiéis a uma "guerra santa" e pede sacrifícios humanos, como "explodir seus corpos contra os inimigos", para libertar o território palestino.
Barakat é acusado pelas autoridades paraguaias de recrutar militantes para o Hizbollah. Existe uma ordem de prisão expedida contra ele pela Polícia Nacional paraguaia, que foi enviada à Interpol há mais de um mês, mas que ainda não havia sido recebida pela Polícia Federal brasileira no final da semana passada.
Ele e Fayed constam nos arquivos da CIA (agência de inteligência norte-americana) como suspeitos de serem elementos do terrorismo internacional na região da tríplice fronteira.
Fayed foi preso no Paraguai, em 1998, na frente da embaixada americana, após ter um pedido de visto negado, mas acabou liberado por falta de provas.
Há cerca de um mês ele foi preso novamente, desta vez em Ciudad del Este, acusado de formação de quadrilha, apologia do crime, evasão de divisas e pirataria.
O governo norte-americano suspeita que a pirataria de produtos eletroeletrônicos seja a principal fonte de financiamento dos árabes da região da tríplice fronteira que colaboram com o terrorismo internacional.
Na última quinta-feira pela manhã, o general Gary Speer, comandante interino do Comando do Sul do Exército dos Estados Unidos, pediu ao presidente paraguaio, Luiz González Macchi, que tome atitudes para combater a falsificação de produtos em Ciudad del Este.
Imediatamente, o presidente determinou a ida do comissário Pedro Contreras Cuba, chefe do Departamento de Delitos Econômicos e Financeiros da Polícia Nacional do Paraguai, ao local.


Texto Anterior: Tríplice fronteira: Extremistas receberam US$ 50 mi de Foz do Iguaçu
Próximo Texto: Energia: Enron tem pedido histórico de falência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.