São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2001

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ENERGIA

Empresa, sétima maior dos EUA e parceira de brasileiras, entra na Justiça com maior requisição de quebra do país

Enron tem pedido histórico de falência

DA REDAÇÃO

A Enron, gigante americana do setor de energia e gás, entrou com pedido de falência na Justiça e anunciou que vai processar sua rival Dynegy, que desistiu de comprar a empresa na semana passada. No processo, a Enron deve pedir indenização de US$ 10 bilhões por quebra de contrato.
Esse é o maior pedido de falência da história americana. Com ativos de US$ 62 bilhões, a Enron é a sétima maior companhia dos Estados Unidos. A empresa responde por 25% de todos os negócios com energia e gás dos EUA. No Brasil, a Enron participa de empresas como a CEG, do Rio de Janeiro, e a Elektro, de São Paulo.

Venda da empresa
Pela lei americana, o pedido de falência dá tempo para a empresa tentar renegociar dívidas. Enquanto isso, a empresa vai tocar seu processo com a Dynegy e buscar novas fontes de financiamento. A Enron diz que mantém "conversas ativas" para obter novos recursos. Com isso, espera facilitar a venda de todos seus negócios na área de energia.
"Estamos confiantes em que o negócio pode ser colocado de pé, de maneira sólida, novamente", disse Greg Whaley, presidente da Enron. "Obviamente, nossos possíveis parceiros têm a mesma confiança, uma vez que estão negociando conosco."
Maior empresa atacadista de energia dos EUA, a Enron pegou o mercado financeiro de surpresa quando anunciou, em outubro, perdas de US$ 1,2 bilhão. O preço de suas ações desabou, a empresa começou a ser investigada e foi forçada a demitir sua diretoria.
Seu colapso foi rápido. Com dívidas de US$ 13 bilhões, a Enron ficou sem crédito bancário. Sua última salvação poderia ser a compra por uma concorrente menor, a Dynegy. Em 9 de novembro, a rival ofereceu US$ 9,4 bilhões pela Enron, mas acabou desistindo do negócio na semana passada. A Enron vai processar a Dynegy por quebra de contrato.

Investigações
A Enron foi uma das empresas que mais se beneficiou da desregulamentação do mercado de energia dos EUA e da alta dos preços no ano passado. Em 2000, a energia no mercado atacadista subiu de US$ 32 para US$ 317.
Em 2001, porém, a recessão nos EUA provocou uma redução nos preços da energia, o que levou a Enron a enfrentar dificuldades. Sua queda foi tão rápida e surpreendente que a SEC (Securities and Exchange Commission), que supervisiona o mercado financeiro, está investigando a contabilidade da empresa.
No Congresso americano, o diretor da Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados, Billy Tauzin, vai realizar audiências sobre as práticas contábeis da Enron e sobre os eventuais problemas que a empresa pode trazer para outras companhias do setor. A Enron deve US$ 600 milhões a outras empresas.


Com agências internacionais



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