São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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Cingapura nega clemência e mata na forca traficante australiano

DA REDAÇÃO

Cingapura executou ontem o cidadão australiano Nguyen Tuong Van, preso havia três anos no aeroporto daquele país asiático com 396 gramas de heroína.
Ele foi enforcado na manhã de sexta-feira (pouco antes das 21h de quinta, em Brasília), em meio a manifestações discretas e numerosas na Austrália. Sinos de igrejas tocaram 25 vezes para evocar o número de anos vividos pelo réu.
O ministro do Interior de Cingapura divulgou nota em que anunciou o enforcamento, ocorrido após resposta negativa aos pedidos de clemência.
O primeiro-ministro da Austrália, John Howard, que pediu insistentemente a Cingapura que comutasse a sentença do réu, revelou, pouco após a execução, que disse ao primeiro-ministro daquele país que acreditava que o caso de Nguyen "fosse afetar as relações entre as populações" nacionais. Mas Howard negou que fosse ocorrer um esfriamento comercial ou diplomático.
Nguyen nasceu no Vietnã, mas emigrou ainda criança com sua família para a Austrália. Ele confessou estar transportando a droga, que comprara no Camboja, para revendê-la em seu país. Não tinha antecedentes criminais. Disse que procurava na operação cobrir dívidas de seu irmão.
A legislação cingapuriana é dura com os traficantes. A pena de prisão é aceita apenas quando o réu é flagrado com menos de 5 gramas de um entorpecente. A partir dessa quantia, a sentença de morte passa a ser automática.
Cingapura é uma ilha com 4,5 milhões de habitantes e a uma das maiores rendas per capita entre os países asiáticos -quase US$ 30 mil ao ano. Ex-colônia britânica, integra, a exemplo da Austrália, a Comunidade Britânica. O grosso de suas exportações é de produtos eletrônicos.
Mas é também um país com fortes limitações às liberdades públicas. Manifestações com mais de quatro pessoas precisam da autorização das autoridades.
Apesar disso, no momento da execução, grupos permaneciam em vigília diante da prisão em que a forca estava instalada.
O irmão gêmeo do réu, Nguyen Khoa, chegou ao local momentos antes do enforcamento, mas não chegou a assisti-lo. Ele foi encarregado pela mãe, que, na véspera, obteve a autorização para passar alguns minutos em companhia do filho e para acompanhar o corpo a uma casa funerária, onde seria embalsamado e seguiria hoje para sepultamento na Austrália.


Com agências internacionais

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