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Cingapura nega clemência e mata na forca traficante australiano
DA REDAÇÃO
Cingapura executou ontem o
cidadão australiano Nguyen
Tuong Van, preso havia três anos
no aeroporto daquele país asiático com 396 gramas de heroína.
Ele foi enforcado na manhã de
sexta-feira (pouco antes das 21h
de quinta, em Brasília), em meio a
manifestações discretas e numerosas na Austrália. Sinos de igrejas tocaram 25 vezes para evocar o
número de anos vividos pelo réu.
O ministro do Interior de Cingapura divulgou nota em que
anunciou o enforcamento, ocorrido após resposta negativa aos
pedidos de clemência.
O primeiro-ministro da Austrália, John Howard, que pediu insistentemente a Cingapura que comutasse a sentença do réu, revelou, pouco após a execução, que
disse ao primeiro-ministro daquele país que acreditava que o
caso de Nguyen "fosse afetar as
relações entre as populações" nacionais. Mas Howard negou que
fosse ocorrer um esfriamento comercial ou diplomático.
Nguyen nasceu no Vietnã, mas
emigrou ainda criança com sua
família para a Austrália. Ele confessou estar transportando a droga, que comprara no Camboja,
para revendê-la em seu país. Não
tinha antecedentes criminais. Disse que procurava na operação cobrir dívidas de seu irmão.
A legislação cingapuriana é dura com os traficantes. A pena de
prisão é aceita apenas quando o
réu é flagrado com menos de 5
gramas de um entorpecente. A
partir dessa quantia, a sentença de
morte passa a ser automática.
Cingapura é uma ilha com 4,5
milhões de habitantes e a uma das
maiores rendas per capita entre os
países asiáticos -quase US$ 30
mil ao ano. Ex-colônia britânica,
integra, a exemplo da Austrália, a
Comunidade Britânica. O grosso
de suas exportações é de produtos
eletrônicos.
Mas é também um país com fortes limitações às liberdades públicas. Manifestações com mais de
quatro pessoas precisam da autorização das autoridades.
Apesar disso, no momento da
execução, grupos permaneciam
em vigília diante da prisão em que
a forca estava instalada.
O irmão gêmeo do réu, Nguyen
Khoa, chegou ao local momentos
antes do enforcamento, mas não
chegou a assisti-lo. Ele foi encarregado pela mãe, que, na véspera,
obteve a autorização para passar
alguns minutos em companhia
do filho e para acompanhar o corpo a uma casa funerária, onde seria embalsamado e seguiria hoje
para sepultamento na Austrália.
Com agências internacionais
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