São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2002

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ANÁLISE

Argentinos tentam segurança em bancos multinacionais

MARCELO MOTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os argentinos buscaram segurança nos bancos multinacionais para evitar o risco de terem o dinheiro preso em uma instituição quebrada. Há esperança de que as matrizes estrangeiras salvem as subsidiárias argentinas da falta de dinheiro quando elas reabrirem.
Segundo o gerente-geral do Banco do Brasil na Argentina, Evandro Lopes, a imagem de solidez da instituição fez com que os depósitos dobrassem em dezembro. Em três semanas, entraram R$ 10 milhões. A maior parte desse dinheiro foi transferida de outras instituições, quando já não era possível sacar os recursos.
Desde 19 de dezembro o mercado financeiro argentino está fechado por feriados sucessivos. Teme-se que, na reabertura, os bancos não dêem conta de todos os pedidos de saque e quebrem por falta de liquidez. "Havia US$ 68 bilhões depositados e US$ 10 bilhões em circulação. Mas grande parte do que está com os bancos foi imobilizado", diz Lopes.
O Banco do Brasil não seria alvo de uma corrida aos bancos. Tem apenas uma agência no centro financeiro de Buenos Aires, onde atende a cerca de 600 empresas brasileiras ou que mantêm relacionamento comercial estreito com o Brasil.
Mas a imagem de segurança é a mesma que teria levado os correntistas a transferirem o que puderam para grandes conglomerados. Ontem, já surgiam rumores de que os espanhóis Santander e Bilbao Viszcaya transferirão US$ 900 milhões para salvar suas subsidiárias. O cálculo da necessidade de caixa dos dois bancos partiu de um estudo divulgado pelo Morgan Stanley.
Para Lopes, não há garantia de que esses recursos serão enviados pelas matrizes dos bancos. "A solução vai ter que estar dentro da Argentina". Nem uma pressão do governo argentino, segundo ele, convenceria os controladores internacionais a enviarem mais dinheiro para Argentina, que lhes está impondo tantas perdas.
No Banco Itaú, que tem presença maciça no país vizinho por meio do Itau Buen Ayre, as perdas foram provisionadas já no balanço de setembro deste ano. Para o provável crescimento da inadimplência após o fim da paridade do peso com o dólar, o Itaú conta com o excedente de R$ 680 milhões na provisão para créditos de liquidação duvidosa.
Para o consultor e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola, se os ativos em que as instituições colocaram esse dinheiro forem de boa qualidade, tudo de que os bancos precisarão para honrarem seus compromissos e sobreviverem é tempo"


Com agências internacionais


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