São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Oposição anti-Obama prega "volta à sanidade"

Inspirado em momento-chave da Revolução Americana, convenção do grupo direitista Nação "Tea Party" começa hoje

Sucesso de público, evento ultraconservador reúne entidades díspares, o que afasta líderes republicanos, à exceção de Sarah Palin


ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE (EUA)

"Bem-vindo à sanidade." Esta é a mensagem inaugural recebida por novos membros do grupo direitista Nação "Tea Party", que organiza em Nashville (Tennessee) de hoje a sábado a primeira convenção nacional do movimento ultraconservador de mesmo nome que já se tornou a mais ruidosa oposição a Barack Obama.
Mas, apesar do sucesso de público (ingressos a US$ 549, ou R$ 1.010, sem hospedagem, estão esgotados), não será fácil para a convenção transformar em vantagem prática a imagem positiva do movimento "Tea Party" (festa do chá) entre os americanos, já superior tanto à do Partido Democrata quanto à do Republicano em pesquisas.
O primeiro problema é a desorganização. Exército sem general, a rede frouxa de ativistas que conformam o movimento não tem mensagem unificada.
Excetuando-se a oposição ao governo Obama, o conservadorismo fiscal e a rejeição à reforma da saúde, a finalidade e o formato de grupos como FreedomWorks (liberdade funciona), SmartGirlPolitics (política da garota esperta) ou Kitchen Table Patriots (patriotas da mesa da cozinha) são tão variados quanto seus nomes.
A situação atrapalhou a própria convenção de hoje. Muitos ativistas suspeitaram do nível de organização do evento e de sua suntuosidade e abandonaram o barco antes mesmo de ele zarpar.
Políticos republicanos e patrocinadores fizeram o mesmo -publicamente-, deixando como único nome nacionalmente conhecido a participar a ex-candidata a vice republicana Sarah Palin.

Urgência
Uma coisa, porém, é óbvia entre os ativistas do "Tea Party": Washington está errado, e é preciso agir agora. Foi este senso de urgência que impulsionou as primeiras passeatas, há um ano, contra a percebida ameaça do "big government" (um Estado mais intervencionista e inchado); o mesmo senso mobilizou ativistas na eleição especial para o Senado de Massachusetts, no mês passado, quando os democratas foram derrotados na disputa pela vaga que foi do esquerdista Ted Kennedy por décadas.
E há um pano de fundo, centrado na crença na superioridade dos EUA. "Não somos parte de nenhuma comunidade global; somos americanos!" brada o site da Nação "Tea Party".
Outro traço fundamental, o individualismo, deu o nome do movimento, inspirado na Festa do Chá de Boston, na qual colonos americanos antitaxação atiraram ao mar caixas de chá provenientes da Inglaterra em 1773 -evento-chave da Revolução Americana.


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