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Oposição anti-Obama prega "volta à sanidade"
Inspirado em momento-chave da Revolução Americana, convenção do grupo direitista Nação "Tea Party" começa hoje
Sucesso de público, evento ultraconservador reúne entidades díspares, o que afasta líderes republicanos, à exceção de Sarah Palin
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE (EUA)
"Bem-vindo à sanidade." Esta é a mensagem inaugural recebida por novos membros do
grupo direitista Nação "Tea
Party", que organiza em Nashville (Tennessee) de hoje a sábado a primeira convenção nacional do movimento ultraconservador de mesmo nome que
já se tornou a mais ruidosa oposição a Barack Obama.
Mas, apesar do sucesso de
público (ingressos a US$ 549,
ou R$ 1.010, sem hospedagem,
estão esgotados), não será fácil
para a convenção transformar
em vantagem prática a imagem
positiva do movimento "Tea
Party" (festa do chá) entre os
americanos, já superior tanto à
do Partido Democrata quanto à
do Republicano em pesquisas.
O primeiro problema é a desorganização. Exército sem general, a rede frouxa de ativistas
que conformam o movimento
não tem mensagem unificada.
Excetuando-se a oposição ao
governo Obama, o conservadorismo fiscal e a rejeição à reforma da saúde, a finalidade e o
formato de grupos como FreedomWorks (liberdade funciona), SmartGirlPolitics (política
da garota esperta) ou Kitchen
Table Patriots (patriotas da
mesa da cozinha) são tão variados quanto seus nomes.
A situação atrapalhou a própria convenção de hoje. Muitos
ativistas suspeitaram do nível
de organização do evento e de
sua suntuosidade e abandonaram o barco antes mesmo de
ele zarpar.
Políticos republicanos e patrocinadores fizeram o mesmo
-publicamente-, deixando
como único nome nacionalmente conhecido a participar a
ex-candidata a vice republicana
Sarah Palin.
Urgência
Uma coisa, porém, é óbvia
entre os ativistas do "Tea
Party": Washington está errado, e é preciso agir agora. Foi
este senso de urgência que impulsionou as primeiras passeatas, há um ano, contra a percebida ameaça do "big government" (um Estado mais intervencionista e inchado); o mesmo senso mobilizou ativistas
na eleição especial para o Senado de Massachusetts, no mês
passado, quando os democratas
foram derrotados na disputa
pela vaga que foi do esquerdista
Ted Kennedy por décadas.
E há um pano de fundo, centrado na crença na superioridade dos EUA. "Não somos parte
de nenhuma comunidade global; somos americanos!" brada
o site da Nação "Tea Party".
Outro traço fundamental, o
individualismo, deu o nome do
movimento, inspirado na Festa
do Chá de Boston, na qual colonos americanos antitaxação
atiraram ao mar caixas de chá
provenientes da Inglaterra em
1773 -evento-chave da Revolução Americana.
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