|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lucro alimenta disputa interna em convenção
DA ENVIADA A NASHVILLE
As largas colunas gregas, as
cascatas em florestas artificiais
e o teto envidraçado do luxuoso
hotel Gaylord Opryland, em
Nashville, têm pouco a ver com
a mensagem de "América real"
e "cidadãos comuns" que o movimento "Tea Party" se esforça
para transmitir nos EUA. Mas é
nesse cenário que começa hoje
a primeira convenção nacional
dos ativistas conservadores,
que afirmam participar de uma
rede "espontânea" e "de raiz".
Para alguns grupos, a suntuosidade exagerada do evento foi
o primeiro sinal de problema.
Outros alegam que o preço da
participação -pacote mínimo
de US$ 349, ou R$ 642, sem
transporte e hospedagem- inviabiliza a presença de americanos comuns.
E há os que desconfiaram do
fato de a organização por trás
do evento, a Nação "Tea Party",
ter abertamente fins lucrativos
-e um presidente, Judson Phillips, que já sofreu ações por
não pagamento de impostos e
pediu falência em 1999.
Incomodaram ainda as informações disseminadas pela imprensa de que Sarah Palin, participante mais famosa, recebeu
US$ 100 mil para discursar no
jantar de encerramento -os
organizadores não confirmam.
"Disse a Judson Phillips que,
francamente, o status pró-lucros da Nação "Tea Party" colocou muitos oradores em posição delicada", afirmou, ao cancelar sua participação, a deputada do Tennessee Marsha
Blackburn. Já Michele Bachmann, deputada de Minnesota
que seria uma das primeiras a
discursar, disse ao abandonar o
barco que "há incertezas sobre
como a receita do evento será
aplicada, e preferimos pecar
pela cautela".
Para Phillip Glass, diretor
nacional do grupo National
Precinct Alliance, a preocupação com a base "raiz" do movimento foi o que motivou a retirada. "Estamos muito preocupados com a aparência de que a
Nação "Tea Party" está lucrando
e explorando o movimento",
disse, em nota. Ele afirmou ainda temer que o apoio de grupos
convencionais como o FreedomWorks, ligado à burocracia
do Partido Republicano, demonstre uma ligação forte demais do establishment com a
convenção.
Apesar de se identificarem
majoritariamente como republicanos, muitos ativistas do
"Tea Party" estão irritados com
a sigla e desejam um "expurgo"
interno, expulsando das cadeiras legislativas seus membros
mais moderados.
(AM)
Texto Anterior: Oposição anti-Obama prega "volta à sanidade" Próximo Texto: Cristina obtém aval de vice para troca no BC Índice
|