São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Lucro alimenta disputa interna em convenção

DA ENVIADA A NASHVILLE

As largas colunas gregas, as cascatas em florestas artificiais e o teto envidraçado do luxuoso hotel Gaylord Opryland, em Nashville, têm pouco a ver com a mensagem de "América real" e "cidadãos comuns" que o movimento "Tea Party" se esforça para transmitir nos EUA. Mas é nesse cenário que começa hoje a primeira convenção nacional dos ativistas conservadores, que afirmam participar de uma rede "espontânea" e "de raiz".
Para alguns grupos, a suntuosidade exagerada do evento foi o primeiro sinal de problema.
Outros alegam que o preço da participação -pacote mínimo de US$ 349, ou R$ 642, sem transporte e hospedagem- inviabiliza a presença de americanos comuns.
E há os que desconfiaram do fato de a organização por trás do evento, a Nação "Tea Party", ter abertamente fins lucrativos -e um presidente, Judson Phillips, que já sofreu ações por não pagamento de impostos e pediu falência em 1999.
Incomodaram ainda as informações disseminadas pela imprensa de que Sarah Palin, participante mais famosa, recebeu US$ 100 mil para discursar no jantar de encerramento -os organizadores não confirmam.
"Disse a Judson Phillips que, francamente, o status pró-lucros da Nação "Tea Party" colocou muitos oradores em posição delicada", afirmou, ao cancelar sua participação, a deputada do Tennessee Marsha Blackburn. Já Michele Bachmann, deputada de Minnesota que seria uma das primeiras a discursar, disse ao abandonar o barco que "há incertezas sobre como a receita do evento será aplicada, e preferimos pecar pela cautela".
Para Phillip Glass, diretor nacional do grupo National Precinct Alliance, a preocupação com a base "raiz" do movimento foi o que motivou a retirada. "Estamos muito preocupados com a aparência de que a Nação "Tea Party" está lucrando e explorando o movimento", disse, em nota. Ele afirmou ainda temer que o apoio de grupos convencionais como o FreedomWorks, ligado à burocracia do Partido Republicano, demonstre uma ligação forte demais do establishment com a convenção.
Apesar de se identificarem majoritariamente como republicanos, muitos ativistas do "Tea Party" estão irritados com a sigla e desejam um "expurgo" interno, expulsando das cadeiras legislativas seus membros mais moderados. (AM)


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