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Ataque usou tecnologia brasileira
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ataque colombiano
que matou Raúl Reyes, o
segundo em comando do
grupo guerrilheiro Farc,
foi uma mistura de tecnologias do século 21 -com
destaque para o avião brasileiro Supertucano - e
pré-históricas: espionagem e informantes pagos.
Não foi o primeiro caso
assim na história recente
do conflito entre o governo colombiano e os insurgentes que se definem como "revolucionários, bolivarianos e socialistas". A
aviação, incluindo os Tucanos, também foi empregada nas operações que levaram à morte no ano passado os comandantes
guerrilheiros Tomás Medina Caracas, conhecido
como "Negro Acacio", e
Gustavo Rueda Díaz, codinome "Martín Caballero".
Mas este foi o mais espetacular, tanto pelos resultados como pela crise diplomática gerada por se
dar no Equador.
Foi tal a precisão cirúrgica do ataque que o presidente equatoriano, Rafael
Correa, insinuou ter sido
realizado "com colaboração de potências estrangeiras". Foi, mas não diretamente. Uma das tecnologias que os EUA repassaram às Forças Armadas da
Colômbia foi o rastreamento eletrônico das comunicações. O risco de interceptação tem feito narcoguerrilheiros usarem
cada vez menos rádio e telefone, dependendo de
mensageiros.
O papel do avião Supertucano, da Embraer, foi
fundamental. O ataque aéreo foi feito de noite contra um alvo escondido na
floresta: objetivo dificílimo, mas possível graças ao
equipamento eletrônico
moderno da aeronave.
Raúl Reyes, "nome de
guerra" de Luis Édgar Devia Silva, era particularmente vulnerável, dado
seu papel de porta-voz e
face mais conhecida internacionalmente das Farc.
Ele teria feito ligação
por telefone satélite que
foi interceptada, ao mesmo tempo em que um informante fornecia dados
sobre a localização do
acampamento. Com a informação, ocorreu uma
operação de cerco envolvendo centenas de militares. Reyes e os outros
guerrilheiros foram apanhados de surpresa. Provavelmente relaxaram por
achar que estariam a salvo
em território equatoriano.
Mesmo assim, podem ter
reagido, pois um soldado
colombiano, Carlos Edilson Hernández León, foi
morto na operação.
A Colômbia comprou 25
desses aviões de treinamento e ataque leve brasileiros. O primeiro de combate projetado especificamente para a Amazônia,
capaz de operar de pistas
curtas e de terra, suportar
a alta umidade e navegar e
atingir alvos com bombas,
foguetes e tiros de metralhadora com precisão.
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