São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Ataque usou tecnologia brasileira

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ataque colombiano que matou Raúl Reyes, o segundo em comando do grupo guerrilheiro Farc, foi uma mistura de tecnologias do século 21 -com destaque para o avião brasileiro Supertucano - e pré-históricas: espionagem e informantes pagos.
Não foi o primeiro caso assim na história recente do conflito entre o governo colombiano e os insurgentes que se definem como "revolucionários, bolivarianos e socialistas". A aviação, incluindo os Tucanos, também foi empregada nas operações que levaram à morte no ano passado os comandantes guerrilheiros Tomás Medina Caracas, conhecido como "Negro Acacio", e Gustavo Rueda Díaz, codinome "Martín Caballero".
Mas este foi o mais espetacular, tanto pelos resultados como pela crise diplomática gerada por se dar no Equador.
Foi tal a precisão cirúrgica do ataque que o presidente equatoriano, Rafael Correa, insinuou ter sido realizado "com colaboração de potências estrangeiras". Foi, mas não diretamente. Uma das tecnologias que os EUA repassaram às Forças Armadas da Colômbia foi o rastreamento eletrônico das comunicações. O risco de interceptação tem feito narcoguerrilheiros usarem cada vez menos rádio e telefone, dependendo de mensageiros.
O papel do avião Supertucano, da Embraer, foi fundamental. O ataque aéreo foi feito de noite contra um alvo escondido na floresta: objetivo dificílimo, mas possível graças ao equipamento eletrônico moderno da aeronave.
Raúl Reyes, "nome de guerra" de Luis Édgar Devia Silva, era particularmente vulnerável, dado seu papel de porta-voz e face mais conhecida internacionalmente das Farc.
Ele teria feito ligação por telefone satélite que foi interceptada, ao mesmo tempo em que um informante fornecia dados sobre a localização do acampamento. Com a informação, ocorreu uma operação de cerco envolvendo centenas de militares. Reyes e os outros guerrilheiros foram apanhados de surpresa. Provavelmente relaxaram por achar que estariam a salvo em território equatoriano. Mesmo assim, podem ter reagido, pois um soldado colombiano, Carlos Edilson Hernández León, foi morto na operação.
A Colômbia comprou 25 desses aviões de treinamento e ataque leve brasileiros. O primeiro de combate projetado especificamente para a Amazônia, capaz de operar de pistas curtas e de terra, suportar a alta umidade e navegar e atingir alvos com bombas, foguetes e tiros de metralhadora com precisão.


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