São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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A MORTE DO PAPA

Roma pode receber 2 milhões de fiéis

Cidade transforma centro de exposições em imenso albergue e pede que católicos escalonem a visita ao corpo de João Paulo 2º

DO ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Os fiéis que marcham pela via di Porta Angelica, rumo à missa na praça São Pedro, nem precisam parar. Apenas esticam a mão e apanham a garrafinha de água mineral marca Egeria que a Proteção Civil distribui (de graça), mesmo não sendo um dia quente.
É um sinal, microsinal, de que Roma, cidade habituada ao fluxo de turistas, está se preparando com cuidado e antecedência para a invasão de peregrinos (e altas autoridades) que comparecerão aos funerais de João Paulo 2º. Serão dois milhões, calculam os jornais. Para uma cidade de 2,6 milhões de habitantes, é um tremendo desafio.
Os detalhes da preparação incluem, por exemplo, a instalação de dez telões diante das igrejas de que Roma é pródiga, para que os fiéis não precisem se concentrar na praça São Pedro, na qual mal cabem 50 mil pessoas. Há ainda ambulâncias, socorristas e centenas de cabinas de toaletes.
Incluem, igualmente, a convocação de 10 mil policiais para reforçar a segurança, sem contar o esquema destinado a proteger a formidável coleção de chefes de Estado/governo que anuncia a vinda para o funeral (só dos Estados Unidos, virão o atual presidente, George Walker Bush, e dois de seus antecessores).
O previsível colapso logístico de tamanho afluxo de visitantes, anônimos e ilustres, fez Achille Serra, responsável pela segurança no âmbito municipal, emitir apelo para que os fiéis não venham todos no mesmo dia para ver o corpo do papa exposto dentro na basílica de São Pedro.
Se será ouvido ou não, é outra questão. A julgar pelo movimento nos hotéis, não. Todas as vagas já estão ocupadas ou reservadas para os próximos dias.
Por isso mesmo, as autoridades já prepararam quatro locais para funcionar como hotéis improvisados: os estádios Olímpico e Flamínio, as acomodações da Feira de Roma (uma espécie de Anhembi local) e também Tor Vergara, a área em que ficaram alojados os participantes da Jornada Mundial da Juventude, em 2000 (aliás, calcula-se que o número de visitantes, naquele ano, também chegou perto dos 2 milhões - e Roma sobreviveu).
As autoridades municipais trabalham em conjunto com o camerlengo -que substitui o papa morto para questões puramente administrativas, o cardeal espanhol Cardinal Eduardo Martinez Somalo -e o corpo de funcionários do Vaticano.
A suposição é a de que a agonia do papa foi tão demorada que provavelmente muitas decisões para a logística de seus funerais já tivessem sido tomadas. Só não transpiraram por uma questão de compreensível pudor.
O bloqueio de ruas ao tráfego de automóveis ao redor do Vaticano fora acionado pela primeira vez na sexta-feira, antes mesmo de o papa morrer.
Agora, a cidade está contando com ofertas dos municípios vizinhos, prontos para despejar voluntários na capital italiana. Graças a eles, já está previsto que o metrô funcionará até tarde da noite e que haverá serviços de ônibus especiais fazendo a ligação entre diferentes pontos de Roma e a praça de São Pedro.
(CLÓVIS ROSSI)


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