São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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A MORTE DO PAPA

Infecção generalizada foi causa da morte, diz atestado

Fragilizado por outras doenças, o papa morreu por causa de um choque séptico

DA REDAÇÃO

O atestado de óbito liberado ontem pelo Vaticano certifica que uma septicemia, com colapso cardiocirculatório irreversível, foi a causa da morte de João Paulo 2º, no sábado às 16h37, horário de Brasília. O certificado listava os problemas de saúde que atingiam o papa ao final de sua vida e reconhecia oficialmente, pela primeira vez, que ele sofria de mal de Parkinson.
A septicemia é conhecida popularmente como envenenamento do sangue causado pelas toxinas e bactérias de uma infecção urinária que se disseminaram pela corrente sangüínea do pontífice. Com a infecção atingindo o sangue e os tecidos do sistema circulatório, o organismo é danificado e a pressão arterial cai a níveis potencialmente letais.
Ao morrer, João Paulo 2º apresentava problemas cardíacos, como hipertensão e fluxo sangüíneo irregular, hipertrofia benigna da próstata (disfunção não-cancerígena) e falência dos rins, causada por uma infecção no trato urinário contraída na semana passada, além de insuficiência respiratória aguda -que foi motivo para a realização de uma traqueostomia.
A confirmação da morte foi feita por uma máquina de monitoração da atividade cardíaca. O papa foi declarado morto logo depois de 20 minutos da checagem do coração, diz o documento, que foi assinado pelo médico pessoal do papa Renato Buzzonetti.
Os últimos anos do longo papado de Karol Wojtyla foram marcados pela luta contra várias doenças, agravadas pelo mal de Parkinson.

Problemas antigos
O primeiro grande problema e início da deterioração da saúde de Wojtyla aconteceu em 1981, quando sofreu um atentado, no Vaticano, e levou dois tiros que o atingiram no abdômen, na mão esquerda e no braço direito. Passou 20 dias internado, chegou a receber a unção dos enfermos e nunca se recuperou totalmente.
No mesmo ano, o papa teve infecção provocada por transfusão de sangue contaminado, o que demandou nova internação. Em 1992, aos 72 anos, teve extraídos um tumor benigno, a vesícula biliar e 15 centímetros do intestino. No ano seguinte, deslocou o ombro direito ao cair de uma escada. Desenvolveu artrite no joelho direito e nos quadris após quebrar o fêmur, em 1994. Em 1996, teve o apêndice retirado.
Os sintomas do mal de Parkinson, doença degenerativa que debilitou o pontífice, surgiram também em 1996. Tremores na mão esquerda e paralisia nos músculos da face eram sinais do problema. No início deste ano, o papa começou a ter dificuldade de respirar e se alimentar.
Debilitado, contraiu gripe e foi internado em fevereiro. Foi submetido a traqueostomia -incisão de um tubo na traquéia para que o ar entrasse nos pulmões. A última intervenção foi a inserção de uma sonda no nariz, nesta semana, pela qual passou a ser alimentado.


Com agências internacionais


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