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Maioria dos italianos é de conservadores
DA REDAÇÃO
Caso os cardeais da Cúria -os
"ministros" do governo da Igreja
Católica- e os cardeais italianos
façam uma frente comum pela
eleição de um papa italiano, são
grandes as chances de Dionigi
Tettamanzi, 70, o arcebispo de
Milão, e Angelo Scola, patriarca
de Veneza, 63.
Tettamanzi, teólogo moral, de
linha conservadora, é tido como
co-autor de algumas encíclicas de
Karol Wojtyla (carta aberta do papa sobre doutrina da igreja). Porém, é mais liberal em termos de
doutrina católica que o prefeito
da Congregação para a Doutrina
da Fé de João Paulo 2º, o cardeal
alemão Joseph Ratzinger.
No que diz respeito à política religiosa, Tettamanzi é uma figura
multifacetada. Já fez rasgados elogios ao fundador da organização
católica ultraconservadora e elitista Opus Dei, de origem espanhola. Mas deu apoio às manifestações de jovens contra a globalização na cúpula do G8 (reunião
de países ricos mais a Rússia) em
Gênova, em 2001, pelo que recebeu críticas de católicos conservadores tanto na política laica como
em termos religiosos.
É culto, afável e tem larga experiência pastoral. Conduziu dioceses importantes (não subiu na
hierarquia eclesiástica fazendo
carreira na Cúria), traço importante. Os cardeais podem optar
por um dos seus, que conheça
tanto os problemas diocesanos
como os de relacionamento com
a Cúria. Poucos inimigos. Quase
risonho. Grande presença midiática, poucos talentos lingüísticos.
Scola, de Veneza
Três dos papas do século 20 foram patriarcas de Veneza, como
Angelo Scola, 64: Pio 10, João 23 e
João Paulo 1º. Considera-se que
Scola vem manifestando claramente seu desejo de tornar-se papa, manifestação, claro, discreta,
nos termos cardinalícios, nos
quais postular uma candidatura
explicitamente é de enorme e
mau gosto e motivo de derrota
quase certa. Ainda assim, pode-se
ouvir a palavra "carreirista"
quando se trata de Scola, talvez
um preconceito contra sua origem popular: é filho de um motorista de caminhão. Formou-se em
Milão, estudou na Alemanha e
nos Estados Unidos. Fala muitas
línguas e foi reitor da Universidade Laterana. É um intelectual.
Outro traço que pode prejudicá-lo, na perspectiva de muitos
dos cardeais do Sul (América Latina, África, Ásia) e na de alguns
americanos e europeus mais jovens, é o fato de ser ligado a conservadores americanos e de ser o
primeiro cardeal do movimento
"Comunione e Liberazione".
Trata-se de uma organização
católica tradicionalista, integrista,
por vezes acusada de esnobar a liderança pastoral dos bispos e de
culto excessivo de seus carismático fundador, assim como a Opus
Dei, os Focolares e os Neocatecumenais. Mas tais movimentos não
foram em nada desencorajados
por Wojtyla-ao contrário.
É muito próximo do guardião
da doutrina da fé católica de
Wojtyla, o cardeal Ratzinger, com
quem trabalhou na revista "Communio", tradicionalista.
Outros italianos
Tarcisio Bertone, 70, arcebispo
de Gênova, foi braço direito de
Ratzinger. É um tradicionalista
em moral e religião. Está em todas
as listas tríplices dos jornais italianos, mas é pouco citado por sacerdotes e analistas fora da Itália.
Ennio Antonelli, 68, arcebispo
de Florença, é tido pelos vaticanistas como tolerante, um grande
espírito e líder pastoral, como
João Paulo 1º, mas alguém sem
grande energia política, apesar de
ter sido secretário da conferência
dos bispos italianos.
Angelo Sodano, 77, secretário
de Estado do Vaticano, seria uma
opção de continuidade e de papado não muito longo. Mas é difícil
que seja eleito alguém da ala mais
burocrática da Cúria.
Giovanne Battista Ré, 71, prefeito da Congregação dos Bispos, é
nome de peso, mas papa improvável: falta-lhe experiência diocesana, como bispo, embora tenha
sido um cardeais da Cúria mais
próximos de João Paulo 2º.
(VTF)
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