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Missas em Aparecida atraem 45 mil pessoas
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APARECIDA
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Entre 45 mil e 50 mil pessoas visitaram ontem o Santuário Nacional de Aparecida, a 167 km a nordeste de São Paulo, para rezar em
uma das sete missas especiais preparadas em homenagem ao papa,
segundo a reitoria da basílica. As
celebrações tiveram imagens e
um áudio de uma fala do papa.
"Peço a Deus e a Nossa Senhora
Aparecida que o próximo papa
também lute pela paz no mundo",
disse a enfermeira Judite Nascimento, 58, que chorou durante a
missa das 8h, a que esteve mais
cheia ontem.
Segundo a prefeitura do Santuário de Aparecida, todas as missas
que serão rezadas nesta semana
serão em intenção ao papa.
Para d. Raymundo Damasceno
Assis, arcebispo de Aparecida, a
morte de João Paulo 2º gerou
muita dor e pesar para a humanidade. "O papa é um exemplo de
vida não só para a igreja mas também para toda a humanidade, pela dedicação e pelo amor com que
ele vivia e pregava a palavra do
Evangelho", disse.
O arcebispo afirmou que não
pretende viajar para Roma para
acompanhar o funeral. "Ao mesmo tempo em que sentimos dor
pela morte dele, estamos felizes
por ele ter ajudado a todos com
sua sabedoria e com sua competência", disse d. Raymundo.
São Benedito
Os diversos grupos de congada
e de cavalarias que desfilaram ontem na comemoração do Dia de
São Benedito, em Aparecida, usaram um pano preto amarrado ao
braço em sinal de luto pela morte
do papa João Paulo 2º.
A cidade está lotada de romeiros e fiéis de todo o país que viajaram para comemorar, no fim de
semana e hoje, o Dia de São Benedito -festa tradicional na cidade.
Cerca de 2.000 cavaleiros desfilaram na tarde de ontem.
Curitiba
Curitiba reverenciou o papa
morto confirmando um traço da
comunidade de ascendência polonesa que contagiou toda a população: discrição. As missas da
noite de sábado e de ontem, rezadas na catedral metropolitana e
nas principais paróquias, não lotaram. Nem na capela de arquitetura rústica polonesa, no bosque
João Paulo 2º, no Centro Cívico,
houve romaria intensa.
A capela -que guarda uma
imagem de Nossa Senhora de
Czestokowa doada à cidade pelo
papa polonês, durante a sua primeira visita ao Brasil, em 1980-,
só tem missa marcada em memória do pontífice morto para o próximo sábado.
"Se não chorei como se tivesse
perdido um ente querido foi porque, vendo o estado de saúde dele,
a gente se conforta com ele indo
embora sem sofrer muito", disse
ontem a funcionária de indústria
de máquinas agrícolas Caroline
Drozdz, 26. "Mas me sinto órfã."
Aos dois anos de idade, vestida
em traje típico polonês, Drozdz
foi tomada nos braços por João
Paulo 2º, na frente das 60 mil pessoas que estavam no estádio Couto Pereira, na capital paranaense.
Ainda que não lembre o abraço,
Drozdz diz que sua vida ficou
muito vinculada a João Paulo 2º.
"O fato de eu ter ficado tão perto
dele -e as pessoas sempre me
lembram disso- ajudou a mim e
à minha família a perseverar na
fé." Ela é formada em pedagogia.
O Paraná é o Estado brasileiro
de maior concentração de poloneses e descendentes, segundo estimativas populacionais. Um desses imigrantes poloneses, padre
Marian Litewka, também teve a
vida marcada por Karol Wojtyla.
Litewka foi seu coroinha quando o papa ainda era o mais jovem
padre da paróquia de São Floriano, em Cracóvia. Ontem e anteontem, padre Marian rezou
missas em memória do seu mentor na igreja de São Vicente de
Paulo. No Brasil desde 1962, padre
Marian celebra missas em rodovias, em um caminhão-capela
com o qual percorre o país.
"João Paulo 2º foi um homem
muito aberto nas questões sociais,
mas um disciplinador nas questões da fé. Ele não facilitava com
as coisas", afirmou ontem o padre
Marian.
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