São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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Missas em Aparecida atraem 45 mil pessoas

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APARECIDA

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Entre 45 mil e 50 mil pessoas visitaram ontem o Santuário Nacional de Aparecida, a 167 km a nordeste de São Paulo, para rezar em uma das sete missas especiais preparadas em homenagem ao papa, segundo a reitoria da basílica. As celebrações tiveram imagens e um áudio de uma fala do papa.
"Peço a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que o próximo papa também lute pela paz no mundo", disse a enfermeira Judite Nascimento, 58, que chorou durante a missa das 8h, a que esteve mais cheia ontem.
Segundo a prefeitura do Santuário de Aparecida, todas as missas que serão rezadas nesta semana serão em intenção ao papa.
Para d. Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, a morte de João Paulo 2º gerou muita dor e pesar para a humanidade. "O papa é um exemplo de vida não só para a igreja mas também para toda a humanidade, pela dedicação e pelo amor com que ele vivia e pregava a palavra do Evangelho", disse.
O arcebispo afirmou que não pretende viajar para Roma para acompanhar o funeral. "Ao mesmo tempo em que sentimos dor pela morte dele, estamos felizes por ele ter ajudado a todos com sua sabedoria e com sua competência", disse d. Raymundo.

São Benedito
Os diversos grupos de congada e de cavalarias que desfilaram ontem na comemoração do Dia de São Benedito, em Aparecida, usaram um pano preto amarrado ao braço em sinal de luto pela morte do papa João Paulo 2º.
A cidade está lotada de romeiros e fiéis de todo o país que viajaram para comemorar, no fim de semana e hoje, o Dia de São Benedito -festa tradicional na cidade. Cerca de 2.000 cavaleiros desfilaram na tarde de ontem.

Curitiba
Curitiba reverenciou o papa morto confirmando um traço da comunidade de ascendência polonesa que contagiou toda a população: discrição. As missas da noite de sábado e de ontem, rezadas na catedral metropolitana e nas principais paróquias, não lotaram. Nem na capela de arquitetura rústica polonesa, no bosque João Paulo 2º, no Centro Cívico, houve romaria intensa.
A capela -que guarda uma imagem de Nossa Senhora de Czestokowa doada à cidade pelo papa polonês, durante a sua primeira visita ao Brasil, em 1980-, só tem missa marcada em memória do pontífice morto para o próximo sábado.
"Se não chorei como se tivesse perdido um ente querido foi porque, vendo o estado de saúde dele, a gente se conforta com ele indo embora sem sofrer muito", disse ontem a funcionária de indústria de máquinas agrícolas Caroline Drozdz, 26. "Mas me sinto órfã."
Aos dois anos de idade, vestida em traje típico polonês, Drozdz foi tomada nos braços por João Paulo 2º, na frente das 60 mil pessoas que estavam no estádio Couto Pereira, na capital paranaense.
Ainda que não lembre o abraço, Drozdz diz que sua vida ficou muito vinculada a João Paulo 2º. "O fato de eu ter ficado tão perto dele -e as pessoas sempre me lembram disso- ajudou a mim e à minha família a perseverar na fé." Ela é formada em pedagogia.
O Paraná é o Estado brasileiro de maior concentração de poloneses e descendentes, segundo estimativas populacionais. Um desses imigrantes poloneses, padre Marian Litewka, também teve a vida marcada por Karol Wojtyla.
Litewka foi seu coroinha quando o papa ainda era o mais jovem padre da paróquia de São Floriano, em Cracóvia. Ontem e anteontem, padre Marian rezou missas em memória do seu mentor na igreja de São Vicente de Paulo. No Brasil desde 1962, padre Marian celebra missas em rodovias, em um caminhão-capela com o qual percorre o país.
"João Paulo 2º foi um homem muito aberto nas questões sociais, mas um disciplinador nas questões da fé. Ele não facilitava com as coisas", afirmou ontem o padre Marian.


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