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A MORTE DO PAPA
Gorbatchov elogia o papa "humanista"
Líderes mundiais lembram legado do papa, cuja morte, recebida com indiferença na China, entristeceu até o turco que tentou matá-lo em 81
DA REDAÇÃO
João Paulo 2º era o "humanista
número um" do planeta, cuja defesa dos direitos humanos ajudou
o Leste Europeu a se ver livre do
peso da opressão comunista, segundo disse ontem Mikhail Gorbatchov, o último líder soviético.
"Ele era alguém que trabalhava
pela glória das pessoas. Ele não
defendia um partido ou um conjunto de políticas. Sua missão vinha de Deus. Eu diria que ele era o
humanista número um", afirmou
Gorbatchov, que permitiu a abertura do regime soviético que causou o fim do comunismo no país.
O ditador cubano, Fidel Castro,
por sua vez, enviou ao Vaticano
uma nota de condolências e decretou três dias de luto oficial na
ilha. "A humanidade guardará
uma lembrança emocionada do
trabalho incansável de João Paulo
2º pela paz, pela justiça e pela solidariedade entre todos os povos",
afirmou a nota de Fidel, segundo
a mídia estatal cubana.
Ele falou ainda da visita do papa
à ilha, ocorrida em 1998. Para o ditador, ela "ficará gravada na memória da nação como um momento transcendental no que tange às relações entre o Estado do
Vaticano e a República de Cuba".
A Europa classificou João Paulo
2º de um incansável "campeão da
paz" e de um líder mundial que
foi essencial para a reunificação
do continente e para a derrota do
comunismo. "O mundo -não só
os católicos- perdeu um líder espiritual inesquecível e um inspirado campeão da paz e da solidariedade", disse Javier Solana, chefe
da política externa da UE.
O dalai-lama, o líder espiritual
-no exílio- do Tibete, falou de
sua admiração pelo papa e de sua
experiência comum em relação
ao comunismo. "Desde o início
de nossa amizade, ele me disse
que entendia claramente a questão tibetana por causa de sua própria experiência com o comunismo na Polônia. Isso me deu grande coragem", disse o dalai-lama.
Até o turco Mehmet Ali Agca,
que tentou matar João Paulo 2º
em atentado em 1981, está entristecido com a morte do papa, que
"se tornou seu amigo", segundo o
irmão dele. Agca está preso na
Turquia atualmente.
Em meio à comoção internacional, o príncipe Charles disse que
levará adiante o seu casamento
com Camilla Parker-Bowles apesar do funeral do papa, segundo
afirmou um porta-voz. A união
dos dois está marcada para a sexta-feira, dia 8. Ficou definido agora que Camila será rainha se
Charles chegar ao trono.
China
A morte do papa João Paulo 2º
foi recebida com indiferença na
China, país em que o ateísmo é
uma política de Estado e a religião
é encarada com desconfiança.
No caso do catolicismo, a situação é agravada pela ausência de
relações diplomáticas entre a China e o Vaticano desde 1951, dois
anos após a chegada ao poder do
Partido Comunista.
Pequim não reconhece a autoridade do papa sobre a Igreja Católica local, que é chamada de "patriótica". Seus padres e bispos não
são ordenados pelo Vaticano e
pertencem à Associação Católica
Patriótica da China, que tem a
chancela do Partido Comunista.
Mesmo assim, o papa é visto como líder espiritual por grande
parte dos cerca de 5 milhões de
católicos chineses seguidores da
igreja "patriótica". Na missa rezada ontem na principal catedral de
Pequim, dezenas de fiéis rezaram
em homenagem ao papa. "Deus o
chamou para descansar em seus
braços", afirmou o reverendo Sun
Shangen. "Hoje vamos mantê-lo
em nossos pensamento durante
nossas orações. Vamos rezar pela
graça de Deus para que ele vá logo
para o céu", disse Sun.
As igrejas católicas de Pequim
aceitas pelo governo terão missas
em homenagem ao papa. A associação patriótica enviou nota de
condolências ao Vaticano, na qual
diz que a morte do papa é "uma
grande perda para o trabalho pastoral e evangélico da igreja".
Colaborou Cláudia Trevisan
Com agências internacionais
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