|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
China divulga epidemia que já matou 22
Primeiras 12 vítimas de vírus, todas crianças, morreram em março e abril, mas governo só divulgou agora; há 5 mil infectados
Pequim acusa governo local de lentidão e relembra epidemia de sars, em 2003; entre sexta e ontem, vírus intestinal fez 500 vítimas
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Uma epidemia de um vírus
intestinal já matou 22 crianças
e infectou 4.529 na Província
de Anhui (leste da China). As
primeiras 12 vítimas do EV71,
que causa a doença de febre aftosa humana -não há relação
com a bovina-, morreram entre março e abril, mas o governo chinês só divulgou agora.
O vírus começou a se espalhar na cidade de Fuyang, onde
as crianças, a maioria com menos de 6 anos, tiveram febre, aftas e bolhas nas mãos e nos pés.
Nos casos mais graves, causa
paralisia e edema pulmonar.
A agência estatal de notícias
Xinhua revelou ainda que há
978 crianças internadas, 48 em
estado grave. Foram registrados 500 novos casos apenas entre sexta-feira e ontem.
O Ministério da Saúde chinês
anunciou que enviou ontem 45
especialistas para a Província
para investigar as causas da
epidemia e como contê-la. Várias escolas da região foram fechadas na quinta-feira.
Não há vacina ou remédio
para o EV71, mas a maioria dos
pacientes tem alta em uma semana. Segundo especialistas,
ótimas condições de higiene
evitariam a contaminação, o
que não é o caso de Anhui, uma
das Províncias mais miseráveis
da China, onde vive-se de agricultura de subsistência.
Por culpa do blecaute informativo, há diversas teorias sobre a causa da epidemia, desde
um rio contaminado até a comida de uma escola maternal
da região.
Em abril, questionados por
jornalistas locais, as autoridades de Fuyang negaram que havia uma epidemia, quando 12
crianças menores de 6 anos de
idade já haviam morrido com
os sintomas da doença.
Os dois meses em que o vírus
se alastrou sem que a Província
de Anhui revelasse o problema
repete o ocorrido em 2003,
com a epidemia da síndrome
respiratória aguda grave (sars,
em inglês).
Pequim a escondeu por alguns meses, até que a pressão
internacional obrigou os chineses a usarem máscaras cirúrgicas para evitar o contágio.
Em editorial, o jornal estatal
"China Daily" fez um paralelo
com a epidemia de sars e criticou a lentidão do governo local.
"A memória da última tragédia
só acrescenta repúdio a esta
nova", diz trecho.
Durante a epidemia de sars, a
China ocultou dados da OMS
(Organização Mundial da Saúde) e chegou até a esconder pacientes. Ao surgirem os primeiros casos além das fronteiras,
prometeu dar mais abertura a
notícias ruins.
Texto Anterior: Regionalismo marca líderes do referendo Próximo Texto: Tibete diz ter alta expectativa sobre diálogo com Pequim Índice
|