São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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China divulga epidemia que já matou 22

Primeiras 12 vítimas de vírus, todas crianças, morreram em março e abril, mas governo só divulgou agora; há 5 mil infectados

Pequim acusa governo local de lentidão e relembra epidemia de sars, em 2003; entre sexta e ontem, vírus intestinal fez 500 vítimas


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Uma epidemia de um vírus intestinal já matou 22 crianças e infectou 4.529 na Província de Anhui (leste da China). As primeiras 12 vítimas do EV71, que causa a doença de febre aftosa humana -não há relação com a bovina-, morreram entre março e abril, mas o governo chinês só divulgou agora.
O vírus começou a se espalhar na cidade de Fuyang, onde as crianças, a maioria com menos de 6 anos, tiveram febre, aftas e bolhas nas mãos e nos pés. Nos casos mais graves, causa paralisia e edema pulmonar.
A agência estatal de notícias Xinhua revelou ainda que há 978 crianças internadas, 48 em estado grave. Foram registrados 500 novos casos apenas entre sexta-feira e ontem.
O Ministério da Saúde chinês anunciou que enviou ontem 45 especialistas para a Província para investigar as causas da epidemia e como contê-la. Várias escolas da região foram fechadas na quinta-feira.
Não há vacina ou remédio para o EV71, mas a maioria dos pacientes tem alta em uma semana. Segundo especialistas, ótimas condições de higiene evitariam a contaminação, o que não é o caso de Anhui, uma das Províncias mais miseráveis da China, onde vive-se de agricultura de subsistência.
Por culpa do blecaute informativo, há diversas teorias sobre a causa da epidemia, desde um rio contaminado até a comida de uma escola maternal da região.
Em abril, questionados por jornalistas locais, as autoridades de Fuyang negaram que havia uma epidemia, quando 12 crianças menores de 6 anos de idade já haviam morrido com os sintomas da doença.
Os dois meses em que o vírus se alastrou sem que a Província de Anhui revelasse o problema repete o ocorrido em 2003, com a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (sars, em inglês).
Pequim a escondeu por alguns meses, até que a pressão internacional obrigou os chineses a usarem máscaras cirúrgicas para evitar o contágio.
Em editorial, o jornal estatal "China Daily" fez um paralelo com a epidemia de sars e criticou a lentidão do governo local. "A memória da última tragédia só acrescenta repúdio a esta nova", diz trecho.
Durante a epidemia de sars, a China ocultou dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) e chegou até a esconder pacientes. Ao surgirem os primeiros casos além das fronteiras, prometeu dar mais abertura a notícias ruins.


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