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Invasão teve início após duas explosões
DA REDAÇÃO
Autoridades da Rússia e da Ossétia do Norte, que haviam descartado o uso imediato da força
no começo da crise, disseram ter
sido compelidas a agir pelos terroristas.
"A ação militar não foi programada. Estávamos planejando
mais negociações", afirmou Valery Andreyev, chefe da FSB (ex-KGB, a polícia secreta soviética)
na Ossétia do Norte.
O dia de pânico e morte na escola de Beslan começou quando os
terroristas abriram fogo contra
cerca de 30 mulheres e crianças
que haviam conseguido fugir às
13h10 locais (6h10 em Brasília), na
confusão formada após duas explosões na escola.
Mais de 200 pessoas, incluindo
dezenas de crianças, morreram
após a invasão das tropas que terminou o ataque terrorista iniciado 53 horas antes. Pelo menos 704
reféns libertados foram hospitalizados -259 deles crianças.
Um porta-voz do governo regional afirmou que três terroristas
tentando fugir foram capturados,
mas quatro conseguiram escapar.
Segundo a agência de notícias Interfax, uma autoridade disse que
27 extremistas foram mortos.
Inicialmente estimado em cerca
de 300, o número de reféns pode
ter sido de 1.200 a até 1.500. A Escola Número 1 de Beslan tem cerca de 900 alunos, com idades de 7
a 17 anos, mas no momento em
que foi tomada pelos terroristas
acontecia uma festa com a presença de professores e pais para
celebrar o início do ano letivo.
Ontem pela manhã, quando
ainda havia uma certa calma,
houve um acordo para que equipes de socorro entrassem na escola e tirassem os corpos de reféns
mortos. Um vereador da cidade
disse que 20 homens adultos haviam sido fuzilados.
Segundo uma testemunha, o
início do confronto aconteceu de
forma acidental. Uma mulher que
estava no ginásio, onde os reféns
foram aprisionados, disse que
uma das bombas colocadas pelos
terroristas no teto se desprendeu
e explodiu ao cair, criando a oportunidade para a fuga das 30 mulheres e crianças. Outra versão diz
que duas terroristas acionaram os
explosivos que tinham em seus
corpos e uma terceira afirma que
bombas presas nas cestas de basquete foram detonadas.
"Tirando vantagem do pânico,
reféns começaram a fugir. Os criminosos passaram a atirar neles
pelas costas. As forças especiais tiveram de dar cobertura aos reféns
que fugiam. Infelizmente é isso o
que aconteceu", disse um porta-voz do governo regional.
Com as explosões, o teto do ginásio ruiu e começou um incêndio. Mais tarde, testemunhas disseram ter contado por volta de
cem corpos no local.
"Eu quebrei a janela e fugi. As
pessoas corriam para todas os lados. [Os terroristas] estavam atirando do teto", contou um rapaz.
Militares explodiram buracos nas
paredes para facilitar a fuga.
No meio do caos, um soldado
corria com uma criança que havia
perdido uma perna. Equipes de
socorro carregavam feridos e cadáveres em macas. Uma mulher
gritava desesperada enquanto era
retirada: "Eu tenho que voltar,
meu filho está lá dentro!". Dois
membros da equipe de socorro
morreram durante o resgate.
"O ginásio é nosso"
Mais de uma hora depois das
primeiras explosões, os integrantes das forças especiais anunciaram aos gritos: "O ginásio é nosso!". No entanto apenas uma hora
mais tarde começou a retirada de
crianças feridas gravemente.
Segundo autoridades, cinco horas após a invasão ainda havia terroristas mantendo crianças como
reféns. Cerca de seis horas depois
do início da operação, uma nova
explosão sacudiu a escola. Às
23h30 (16h10 em Brasília), as autoridades afirmaram que as operações estavam encerradas.
Não se sabe quantos terroristas
participaram da operação. Um
funcionário do Ministério do Interior da Ossétia do Norte disse à
agência de notícias russa Interfax
que os terroristas eram cerca de
40 -inicialmente falou-se em
20- e que se separaram em três
grupos na hora da invasão.
Cinco teriam ficado na escola,
enquanto outros misturaram-se
aos reféns e a maioria tentou fugir
abrindo seu caminho a tiros. Alguns destes se refugiaram em
uma casa das redondezas.
Andreyev, do serviço secreto
FSB, disse que dez dos terroristas
mortos eram árabes, e um, africano. Funcionários do governo russo sugeriram que a Al Qaeda tenha financiado a ação em Beslan.
Na madrugada de hoje (horário
local), o presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita-surpresa
a sobreviventes num hospital de
Beslan, segundo a Interfax.
Com agências internacionais
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