São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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TERROR NA RÚSSIA

Em discurso de campanha, Bush diz que tragédia russa é "lembrança sombria" do terror; Itamaraty condena ação terrorista

UE cobra explicações do governo russo

DA REDAÇÃO

A União Européia (UE) e os Estados Unidos tiveram reações distintas em relação à tragédia russa. Enquanto o presidente George W. Bush, em tom de campanha, disse que o episódio de ontem foi "outra lembrança sombria" do terrorismo e apoiou Moscou, o bloco europeu de 25 países pediu explicações ao governo russo sobre a atuação de suas forças.
"Esta é mais uma lembrança sombria dos limites dos terroristas quando ameaçam o mundo civilizado", disse Bush a milhares de simpatizantes, na Pensilvânia.
"Lamentamos as vidas inocentes perdidas, apoiamos o povo da Rússia e os enviamos nossas preces por essa situação terrível", disse o presidente americano.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que a responsabilidade pelas mortes é dos terroristas. "A responsabilidade pela perda trágica de vida é dos terroristas. Os EUA se colocam ao lado da Rússia na nossa luta global contra o terrorismo."
Já a Presidência da UE divulgou nota na qual diz que "gostaria que as autoridades russas explicassem como ocorreu essa tragédia".
A UE "condena incondicionalmente todas as formas de terrorismo", afirma a nota, que também enviou condolências às famílias das vítimas.
O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, disse que a tragédia de ontem "é uma nova dimensão do terrorismo".
A Chancelaria francesa, que nos últimos dias se esforça para libertar dois jornalistas seqüestrados no Iraque, exortou "a todos para se mobilizar na luta contra o terrorismo".
Em Israel, a Chancelaria disse que os israelenses "se identificam com o povo e o governo russo nestas horas difíceis".
Vários governos árabes enviaram mensagens com condolências ao presidente russo, Vladimir Putin, e condenando o terror, como Líbano, Kuait e Jordânia.

No Brasil
Em nota, o Itamaraty também lamentou a tragédia: "O governo brasileiro manifesta sua condenação mais veemente às ações terroristas ocorridas na Ossétia do Norte, Federação da Rússia, que deixaram enlutada a comunidade internacional, e expressa sua consternada solidariedade para com os feridos e as famílias das vítimas inocentes".
Na Embaixada da Rússia no Brasil, em Brasília, há três dias a televisão fica o dia inteiro sintonizada em um canal de notícias russo, que, de tempos em tempos, transmite as últimas informações sobre a escola da cidade de Beslan, na Ossétia do Norte, invadida por terroristas na quarta-feira.
"Como cidadãos russos, estamos chocados com a atuação desse grupo terrorista, que está longe de tudo aquilo que conhecemos como humano", diz o ministro-conselheiro da embaixada Alexey Labetskiy. "Qualquer que seja o motivo desse grupo de bárbaros, um levante contra crianças é totalmente inaceitável e revela o terrorismo em sua mais pura revelação", avaliou Labetskiy, que disse não encontrar "palavras em português para expressar seu sentimento em relação a esse fato".
Em São Paulo, a comunidade russa de cerca de 10 mil pessoas, entre russos e filhos de russos -segundo a Sociedade Eslavo-Brasileira-, também acompanhou o caso. "É com horror que vemos esse episódio. Estamos abismados", disse Igor Chnee, 70, que edita o informativo russo "Raduga", da Sociedade Filantrópica Paulista.
Para Alex Zarisiaynes, vice-cônsul da Rússia em São Paulo, toda a comunidade russa está "consternada". "Esses atos mostram que o terrorismo não tem limites. Combater com crianças? Não consigo imaginar algo pior do que isso."


Colaborou Fernanda Mena, da Reportagem Local

Com agências internacionais


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