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Crianças podem sofrer grave desordem mental
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
As crianças que ficaram em poder dos terroristas na escola da
Ossétia do Norte devem sofrer
graves desordens psicológicas a
partir do episódio. Ansiedade intensa, medo, desconfiança, dificuldade de sono, pesadelos, distanciamento afetivo e falta de
concentração são algumas delas.
Esses transtornos podem acontecer imediatamente após o trauma (estresse agudo) ou após seis
meses (estresse pós-traumático).
Estudos mostram que, após um
evento dessa natureza, 90% das
crianças podem ficar abaladas
por algumas semanas, 50% por
seis meses e 15% por vários anos.
Segundo o pediatra francês Gilbert Vila, especializado em psicotraumatologia infantil, crianças
que sobreviveram a terremotos
ou a guerras continuavam com
desordens emocionais aos 30.
Para o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, do Instituto de Psiquiatra do Hospital das Clínicas
de São Paulo, quanto maior for a
criança, maiores serão as repercussões psíquicas.
"A criança até seis anos tende a
ver o trauma de uma forma lúdica. Muitas vezes, a reação dos pais
as afeta mais do que o trauma em
si", diz Santos.
Ele avalia que os danos emocionais causados pela situação vivida
na escola são piores do que os vivenciadas em uma guerra, por
exemplo, porque o agente estressante (terrorismo) permanece.
Santos traça um paralelo com a
violência no Rio e São Paulo, em
que a vítima de um seqüestro-relâmpago, por exemplo, sabe que
poderá viver o trauma a qualquer
momento novamente. "Esses casos são mais difíceis de tratar."
Apesar de os transtornos emocionais serem praticamente certos, não há um consenso na comunidade psiquiátrica internacional sobre é melhor tratar a
criança, com psicoterapia, logo
após o trauma, ou esperar que as
seqüelas se manifestem de fato.
Alguns estudiosos defendem que
o tratamento imediato pode piorar o quadro de estresse.
Gilbert Vila diz que as repercussões emocionais nos bebês ainda
são mal documentadas. "Temos
visto casos de crianças que apresentam as mesmas seqüelas dos
veteranos do Vietnã", diz.
Com a France Presse
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