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MISSÃO NO CARIBE
Para eleições, jipes ganham blindagem, e Urutus, escavadeiras
Brasil se prepara para aumento da violência no Haiti
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O contingente brasileiro no Haiti está se preparando para o quase
certo aumento da violência com a
aproximação das eleições no país
caribenho, previstas para outubro. Um veículo blindado Urutu
está sendo adaptado às pressas
em ambulância. Os jipes Land
Rover Defender receberão blindagem. E dois outros Urutus estão recebendo lâminas escavadeiras para remoção de obstáculos e
barricadas.
O Urutu é um blindado de
transporte de tropas de cerca de
dez toneladas, fabricado pela Engesa, empresa que não existe
mais. Cerca de mil Urutus foram
fabricados em várias versões
-além da mais comum de transporte de tropas, havia veículo porta-morteiro, veículo-oficina e veículo-ambulância, entre outras.
O Exército Brasileiro comprou
cerca de 300, e os outros foram exportados para onze países. Apenas Chile e Tunísia compraram a
versão ambulância.
O Exército viu agora a necessidade de ocupar o Batalhão Haiti
com uma ambulância blindada,
dotada de duas macas e equipamento médico de emergência.
Por sorte, o ex-gerente de protótipos da finada Engesa, Riccardo
Furlan, trabalha hoje como gerente industrial na O'Gara-Hess &
Eisenhardt, empresa americana
especializada em blindagem de
veículos que tem filial no Brasil.
Mais sorte ainda, Furlan está no
momento alugando espaço nas
oficinas do Arsenal de Guerra de
São Paulo para montar um grupo
de caminhões blindados encomendado pela polícia da Líbia. E
ainda mais outro lance de sorte foi
encontrar um teto blindado de
ambulância disponível.
Em tempo recorde, pouco mais
que uma semana, Furlan e sua
equipe estão adaptando os três
Urutus. Os veículos têm que estar
prontos até o próximo dia 13,
quando devem seguir provavelmente para o Rio para embarcar
em navio para o Haiti.
Além do teto mais alto, o Urutu-ambulância vai ter uma novidade
criada por Furlan, um posto de pilotagem com vidro blindado em
vez de periscópios. O vidro, de
seis centímetros de espessura,
permite uma visão muito melhor,
além de ser capaz de resistir à munição comum de fuzil.
Já os Land Rover deverão receber no próprio Haiti os kits de
blindagem da O'Gara-Hess & Eisenhardt. A mesma empresa é
responsável pela blindagem dos
jipões Hummer do exército dos
EUA no Iraque.
Incidentes ocorridos em fevereiro passado mostram que a
blindagem veicular poderia ter
evitado alguns ferimentos.
No início da tarde do dia 25 de
fevereiro, uma bala atravessou a
porta de um veículo e atingiu um
soldado brasileiro no coturno,
sem causar ferimento.
Por volta das 16h30 um soldado
foi ferido no braço por estilhaços,
sem gravidade. E às 19h outro soldado também foi ferido no braço.
No dia seguinte, ainda outro militar foi ferido, no braço e no rosto,
com estilhaços da bala e do vidro
do pára-brisa do veículo.
Cada contingente brasileiro é
formado por cerca de 1.200 soldados e fuzileiros navais e permanece por seis meses no Haiti. O primeiro contingente, enviado em
maio do ano passado, teve um ferido. O segundo continente teve
sete militares baleados.
O terceiro contingente chegou
em junho passado. O Brasil comanda a força de paz da ONU de
cerca de 6.700 soldados, muitos
dos quais latino-americanos.
O terceiro contingente tem um
maior reforço na tropa de engenharia, necessária devido ao péssimo estado das ruas haitianas.
Além disso, há quantidades formidáveis de lixo que precisam ser
removidas. As gangues colocam
obstáculos debaixo do lixo para
furar pneus dos veículos das Nações Unidas.
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