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DISCRIMINAÇÃO
Estudo mostra que essa parte da população paga um terço a mais que os brancos por um financiamento
Negros pagam juros mais altos nos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Levantamento realizado com
base na concessão de financiamentos para compra de automóveis da General Motors nos EUA
revelou que os negros norte-americanos têm três vezes mais chances de ser obrigados a pagar juros
acima das taxas de mercado.
Além de entrarem mais frequentemente na categoria "markup" -o jargão para clientes passíveis de arcar com juros acima do
normal-, os negros acabam pagando, na média, um terço a mais
do que os brancos norte-americanos pelos seus financiamentos.
O estudo foi realizado pela Vanderbilt University, do Tennessee,
e incorporado a uma ação de grupos de proteção aos direitos civis
de minorias nos EUA.
Em entrevista à Folha, o autor
do trabalho, o economista Mark
Cohen, diz que o preconceito contra os negros na concessão de financiamentos pela GM mostrou-se generalizado.
"Brancos e negros com salários
similares trabalhando nas mesmas áreas foram tratados distintamente", afirma.
O estudo investigou 1,5 milhão
de empréstimos concedidos pela
GM entre 1999 e abril passado. A
informação sobre a cor dos tomadores foi retirada das cópias das
carteiras de motorista contidas
nos processos.
A General Motors, a segunda
maior em concessões de financiamento para automóveis nos EUA,
comunicou que está avaliando o
trabalho de Cohen e que seus advogados devem questioná-lo a
respeito dos resultados.
Nos últimos anos, várias ações
coletivas de negros e hispânicos
foram encaminhadas nos EUA
contra empresas que fornecem financiamentos, principalmente
no setor automotivo.
Em fevereiro, por exemplo,
ameaçada por uma ação do tipo, a
Nissan concordou em oferecer
cerca de 675 mil créditos pré-aprovados a compradores negros
e hispânicos pelos próximos cinco anos.
Na Califórnia, uma lei aprovada
neste ano passou a exigir que negociantes de automóveis mantenham arquivados por tempo indeterminado registros de concessões de crédito -incluindo os
critérios de avaliação dos tomadores- para eventuais averiguações.
Algumas das ações contra empresas de crédito revelaram ainda
que o dinheiro "a mais" cobrado
de algumas minorias é dividido
entre quem concede o empréstimo e quem analisa o risco do tomador-.configurando um estímulo para cobrar mais.
No caso da General Motors, segundo Cohen, os negros pagaram
em juros extras (acima do mercado), em média, US$ 1.229 depois
de terem sido incluídos na categoria "markup" -que leva em conta uma série de riscos.
No caso dos brancos enquadrados na mesma categoria, os juros
acumulados foram de US$ 867.
Um outro estudo sobre a situação de minorias nos EUA, da Universidade Estadual de Nova York,
revelou recentemente que a política de imigração americana tende a barrar a entrada de negros
mais pobres e menos escolarizados no país. Em razão dessa política, os negros imigrantes vivendo
nos EUA hoje têm, na média, escolaridade e renda maiores do
que os negros nascidos no país.
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