São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China "potência" prepara o 3º grande evento em 3 anos

Após Olimpíada-08 e 60 anos da Revolução Comunista, país organizará Expo-2010

Para sediar exposição cuja primeira edição é datada do século 19 e mostrar pujança, Xangai promove um amplo projeto de reforma urbana

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Passada a euforia pela celebração do 60º aniversário da Revolução Comunista, a China agora se volta a seu próximo grande empreendimento internacional, a Exposição Universal de Xangai, em 2010.
Após a Olimpíada de 2008 e a celebração da semana passada, ambas em Pequim, será a terceira grande oportunidade para a China se mostrar ao mundo como potência global, desta vez com um evento voltado sobretudo para os negócios -e na sua maior cidade e capital econômica, Xangai.
Para viabilizar o evento de seis meses de duração, que tradicionalmente se notabiliza pelos pavilhões nacionais, bancados pelos respectivos governos, Xangai promove amplo projeto de reformulação urbana.
Para dar espaço aos edifícios da Expo-2010, que serão distribuídos por uma área de 5,28 km2, 18 mil famílias e 272 empresas (algumas notadamente poluidoras, como uma siderúrgica e um estaleiro do final do século 19) foram removidas. Só o terreno da centenária siderúrgica Shanghai Pudong Steel Corporation, na margem oriental do rio Huangpu, será responsável por 40% de todo o terreno da Expo-2010.
É justamente o setor leste do rio o que mais rapidamente se desenvolve. "Há uns dez anos, com o valor do aluguel de uma cama no lado oeste era possível comprar uma casa no leste, que hoje é a região da cidade mais moderna e a que mais cresce", disse à Folha Chen Xian, do Escritório de Assuntos Internacionais de Xangai.
Considerando que, concluídos os seis meses do evento, só não serão demolidas as cinco edificações principais para dar espaço a futuros empreendimentos, é esperado que tal movimento de valorização imobiliária se acelere.
É daí que, a longo prazo, deve surgir o lucro do evento. Ao detalhar o orçamento de US$ 4,18 bilhões do evento, Zhu Yonglei, vice-diretor-geral da Expo-2010, disse: "Não será lucrativo, mas não esperamos perdas econômicas importantes".

Questão ambiental
Outro dividendo que os organizadores esperam da exposição é na preservação da natureza. O conceito da Expo-2010 é permeado pela questão ambiental, refletida da mascote à edificação de pavilhão permanente que funciona com energia solar onde antes havia emissão de gases por indústrias.
Pela primeira vez na história do evento, iniciada em 1851, haverá uma seção dedicada especialmente à apresentação de práticas inovadoras promovidas pelas cidades ao redor do mundo com o intuito de melhorar a qualidade da vida urbana.
A despeito disso, ao ser indagado pela Folha se Xangai repetiria medidas restritivas à emissão de poluentes como as adotadas por Pequim antes dos Jogos Olímpicos do ano passado (quando indústrias tiveram a atividade paralisada e metade da frota de veículos deixou de circular), Zhu as descartou.
"Não é como a situação da Olimpíada. A Expo dura 184 dias [os Jogos, duas semanas]. A proteção ambiental é uma estratégia de longo prazo em Xangai. Começamos tais planos há 20 anos e confiamos em melhorar mais ainda até a Expo. Para solucionar a questão do tráfego, investimos em metrô. Temos a sétima maior rede do mundo. Até março de 2010, haverá 420 km de metrô."
São investimentos em meio a um processo de reformulação urbana que visa consolidar a China como potência mundial. Contudo, Xangai sabe que o sucesso da exposição universal não depende só de sua dedicação. "Somos conscientes de que, além dos nossos esforços, necessitamos do apoio da comunidade internacional para o êxito da Expo-2010", disse à Folha Tang Deng Jie, vice-prefeito de Xangai.


O jornalista LUÍS FERRARI viajou a convite do governo da China

Texto Anterior: União Europeia: Por 67,1%, Irlanda aprova em referendo Tratado de Lisboa
Próximo Texto: Planos pós-exposição preveem negócios imobiliários gigantes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.