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China "potência" prepara o 3º grande evento em 3 anos
Após Olimpíada-08 e 60 anos da Revolução Comunista, país organizará Expo-2010
Para sediar exposição cuja primeira edição é datada do século 19 e mostrar pujança, Xangai promove um amplo projeto de reforma urbana
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
Passada a euforia pela celebração do 60º aniversário da
Revolução Comunista, a China
agora se volta a seu próximo
grande empreendimento internacional, a Exposição Universal de Xangai, em 2010.
Após a Olimpíada de 2008 e a
celebração da semana passada,
ambas em Pequim, será a terceira grande oportunidade para a China se mostrar ao mundo como potência global, desta
vez com um evento voltado sobretudo para os negócios -e na
sua maior cidade e capital econômica, Xangai.
Para viabilizar o evento de
seis meses de duração, que tradicionalmente se notabiliza pelos pavilhões nacionais, bancados pelos respectivos governos,
Xangai promove amplo projeto
de reformulação urbana.
Para dar espaço aos edifícios
da Expo-2010, que serão distribuídos por uma área de 5,28
km2, 18 mil famílias e 272 empresas (algumas notadamente
poluidoras, como uma siderúrgica e um estaleiro do final do
século 19) foram removidas. Só
o terreno da centenária siderúrgica Shanghai Pudong Steel
Corporation, na margem
oriental do rio Huangpu, será
responsável por 40% de todo o
terreno da Expo-2010.
É justamente o setor leste do
rio o que mais rapidamente se
desenvolve. "Há uns dez anos,
com o valor do aluguel de uma
cama no lado oeste era possível
comprar uma casa no leste, que
hoje é a região da cidade mais
moderna e a que mais cresce",
disse à Folha Chen Xian, do
Escritório de Assuntos Internacionais de Xangai.
Considerando que, concluídos os seis meses do evento, só
não serão demolidas as cinco
edificações principais para dar
espaço a futuros empreendimentos, é esperado que tal movimento de valorização imobiliária se acelere.
É daí que, a longo prazo, deve
surgir o lucro do evento. Ao detalhar o orçamento de US$ 4,18
bilhões do evento, Zhu Yonglei,
vice-diretor-geral da Expo-2010, disse: "Não será lucrativo, mas não esperamos perdas
econômicas importantes".
Questão ambiental
Outro dividendo que os organizadores esperam da exposição é na preservação da natureza. O conceito da Expo-2010 é
permeado pela questão ambiental, refletida da mascote à
edificação de pavilhão permanente que funciona com energia solar onde antes havia emissão de gases por indústrias.
Pela primeira vez na história
do evento, iniciada em 1851, haverá uma seção dedicada especialmente à apresentação de
práticas inovadoras promovidas pelas cidades ao redor do
mundo com o intuito de melhorar a qualidade da vida urbana.
A despeito disso, ao ser indagado pela Folha se Xangai repetiria medidas restritivas à
emissão de poluentes como as
adotadas por Pequim antes dos
Jogos Olímpicos do ano passado (quando indústrias tiveram
a atividade paralisada e metade
da frota de veículos deixou de
circular), Zhu as descartou.
"Não é como a situação da
Olimpíada. A Expo dura 184
dias [os Jogos, duas semanas].
A proteção ambiental é uma estratégia de longo prazo em
Xangai. Começamos tais planos há 20 anos e confiamos em
melhorar mais ainda até a Expo. Para solucionar a questão
do tráfego, investimos em metrô. Temos a sétima maior rede
do mundo. Até março de 2010,
haverá 420 km de metrô."
São investimentos em meio a
um processo de reformulação
urbana que visa consolidar a
China como potência mundial.
Contudo, Xangai sabe que o sucesso da exposição universal
não depende só de sua dedicação. "Somos conscientes de
que, além dos nossos esforços,
necessitamos do apoio da comunidade internacional para o
êxito da Expo-2010", disse à
Folha Tang Deng Jie, vice-prefeito de Xangai.
O jornalista LUÍS FERRARI viajou a convite do
governo da China
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