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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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Hu demonstra cautela e evita desafios a Jiang

FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PEQUIM

Algumas análises mais pessimistas sobre a sucessão chinesa destacam a possibilidade de haver ruído nas relações Jiang Zemin e Hu Jintao. O timoneiro da "quarta geração de líderes revolucionários", no entanto, demonstrou em seus primeiros cem dias no poder que não pretende cultivar conflitos e que aceita dividir a ribalta com Jiang.
Ao adotar uma linha de cautela, Hu evidencia o poder que Jiang ainda concentra e reafirma a reputação de um político "pró-consenso", ávido por evitar confrontos. O novo secretário-geral do partido foge de fricções também porque acredita que uma das prioridades de Pequim é a "manutenção da estabilidade", condição imprescindível para manter a economia no rumo do crescimento acelerado.
A divisão de tarefas entre Jiang Zemin e Hu Jintao ganha contornos cada vez mais claros. Enquanto o "patriarca" se dedica prioritariamente a questões de política externa, o novo secretário-geral canaliza energias para desafios domésticos, como corrupção e a crescente diferença de renda numa sociedade que antes pregava o igualitarismo.
Hu já celebrizou apelos aos militantes do PC (65 milhões, cerca de 5% da população) para que evitem as "tentações do dinheiro e do poder".
Também ordenou, "em nome da transparência", que reuniões da cúpula partidária sejam sempre noticiadas pela imprensa chinesa, que permanece sob férreo controle governamental.
A divisão de funções entre Jiang e Hu também se apóia no fato de o líder emergente carregar escassa experiência internacional. Viajou aos EUA pela primeira vez apenas em 2002.
Nos dez anos entre a sua escolha por Deng como líder da "quarta geração" e a chegada ao poder, Hu se dedicou a construir uma sólida e vasta base de apoio político na China. Apoiou-se principalmente na Liga da Juventude Comunista, para credenciar-se como representante das "novas gerações". (JS)


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