São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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IRAQUE

Cinco deles são estrangeiros

EUA detêm suspeitos de ataques em festa xiita

DA REDAÇÃO

As forças dos EUA no Iraque anunciaram ontem que cinco estrangeiros suspeitos de envolvimento nos atentados de terça-feira em Bagdá e Karbala foram presos apenas dez horas antes dos ataques. Mas o comando americano, que acusa extremistas islâmicos de atravessar as fronteiras iraquianas para cometer ataques, disse ainda não ter determinado a nacionalidade dos homens.
Com as novas prisões, feitas em Karbala, chegam a 20 os detidos em conexão com os ataques. Dos 15 capturados anteriormente, cinco falam farsi, a língua oficial do Irã, o que levou as forças dos EUA a suspeitarem de militantes iranianos -ainda que reconheçam a falta de prova sobre a procedência dos indivíduos.
É uma hipótese que causa estranheza, pois a maioria da população iraniana é xiita, sendo pouco crível que iranianos estejam envolvidos em ataques contra xiitas, ainda que iraquianos.
O saldo de mortos nos atentados, que visaram fiéis xiitas no dia em que eles celebravam o martírio de Hussein, neto de Muhammad, voltou a ser revisto.
O comando americano, que anunciara 170 mortos, mas revisara o número para baixo, disse que os ataques no feriado da Ashura deixaram 181 mortos e 553 feridos. Já o Conselho de Governo Iraquiano, que chegou a citar 271 mortos, pôs o saldo final em 171.
Por sua vez, o governo do Irã confirmou que havia 49 de seus cidadãos entre os mortos -anteriormente, foram anunciados 22.
Para os EUA, o principal suspeito dos ataques é o jordaniano Abu Musab al Zarqawi, que teria laços com a Al Qaeda (a rede terrorista responsável pelo 11 de Setembro). Ele seria o autor de uma carta, apreendida em janeiro, na qual pede ajuda à rede de Osama bin Laden para provocar uma guerra civil, atacando a maioria xiita e voltando-a contra os sunitas.
Mas uma nova carta enviada às autoridades americanas no Iraque, supostamente assinada por 12 membros do grupo de Al Zarqawi, diz que ele morreu há meses, durante um bombardeio dos EUA. A missiva não traz detalhes.
O Exército dos EUA classificou a alegação contida no texto de "falsa", e a legitimidade do documento não foi comprovada.

Insurgência
Um novo ataque da insurgência matou três civis em Bagdá, onde um foguete lançado contra uma cabine telefônica atingiu um carro. Em Mossul (norte), mais três iraquianos foram mortos e nove foram feridos num tiroteio com soldados americanos. Não ficou claro se os mortos eram civis.
Sami Ahmed, ex-oficial de inteligência durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), foi preso anteontem com 13 pessoas numa ação conjunta entre soldados dos EUA e a polícia iraquiana em Baquba, cidade 100 km ao norte de Bagdá.


Com agências internacionais

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