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CRISE NO CARIBE
ONU teria interesse em colocar o Brasil à frente de missão no país; governo brasileiro diz se sentir honrado
Brasil poderá comandar força de paz no Haiti
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A ONU (Organização das Nações Unidas) quer que o Brasil comande a força multinacional que
o organismo começa a enviar ao
Haiti para a manutenção da paz
no país. A informação foi transmitida ontem ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por seu colega
francês, Jacques Chirac.
O presidente da França teria dito que ele e o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, consideram
importante que o Brasil envie militares e esteja à frente das tropas.
"O presidente Lula disse [a Chirac] que o Brasil fica honrado
com essa indicação e que está à
disposição das Nações Unidas
tanto para o envio de tropas
quanto para o exercício do comando", disse André Singer, porta-voz da Presidência.
O país vive uma crise desde que
ex-militares rebeldes começaram
um movimento que levou à queda do presidente Jean-Bertrand
Aristide, no fim de semana.
Força de 1.100 homens
No começo da semana, o governo brasileiro havia dito estar disposto a exercer um papel no Haiti,
mas não imediatamente, e sim em
cerca de três meses. Ontem, afirmou que poderá enviar até 1.100
militares, o maior contingente
que o país já deslocou sob mandato da ONU.
Logo após a saída de Aristide do
país, EUA, França e Canadá enviaram soldados para impedir
uma onda de violência. Ontem,
120 chilenos chegaram ao país.
Outros países do Caribe e, possivelmente, a Argentina deverão integrar a força multinacional.
O Ministério da Defesa espera
uma definição mais clara do mandato da ONU e dos aspectos operacionais da missão, o que deverá
ocorrer nas próximas semanas,
para determinar de onde sairão os
soldados para a força. Podem ser
necessários soldados com treinamento especial para patrulhamento, manutenção de ordem e
outras funções específicas. Ainda
não é possível estimar custos.
Se o envio ocorrer, será o primeiro passo concreto do país para
tentar se credenciar para disputar
um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Não é a primeira missão de paz
com participação brasileira. Em
1956, um batalhão do Exército foi
mandado para o Oriente Médio.
De lá para cá, foram 25 missões
internacionais. No momento, há
cerca de 50 militares brasileiros
em Timor Leste, ex-colônia portuguesa que foi ocupada pela Indonésia e tornou-se independente em 2002.
(RICARDO WESTIN)
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