São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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CRISE NO CARIBE

ONU teria interesse em colocar o Brasil à frente de missão no país; governo brasileiro diz se sentir honrado

Brasil poderá comandar força de paz no Haiti

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A ONU (Organização das Nações Unidas) quer que o Brasil comande a força multinacional que o organismo começa a enviar ao Haiti para a manutenção da paz no país. A informação foi transmitida ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seu colega francês, Jacques Chirac.
O presidente da França teria dito que ele e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, consideram importante que o Brasil envie militares e esteja à frente das tropas.
"O presidente Lula disse [a Chirac] que o Brasil fica honrado com essa indicação e que está à disposição das Nações Unidas tanto para o envio de tropas quanto para o exercício do comando", disse André Singer, porta-voz da Presidência.
O país vive uma crise desde que ex-militares rebeldes começaram um movimento que levou à queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, no fim de semana.

Força de 1.100 homens
No começo da semana, o governo brasileiro havia dito estar disposto a exercer um papel no Haiti, mas não imediatamente, e sim em cerca de três meses. Ontem, afirmou que poderá enviar até 1.100 militares, o maior contingente que o país já deslocou sob mandato da ONU.
Logo após a saída de Aristide do país, EUA, França e Canadá enviaram soldados para impedir uma onda de violência. Ontem, 120 chilenos chegaram ao país. Outros países do Caribe e, possivelmente, a Argentina deverão integrar a força multinacional.
O Ministério da Defesa espera uma definição mais clara do mandato da ONU e dos aspectos operacionais da missão, o que deverá ocorrer nas próximas semanas, para determinar de onde sairão os soldados para a força. Podem ser necessários soldados com treinamento especial para patrulhamento, manutenção de ordem e outras funções específicas. Ainda não é possível estimar custos.
Se o envio ocorrer, será o primeiro passo concreto do país para tentar se credenciar para disputar um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Não é a primeira missão de paz com participação brasileira. Em 1956, um batalhão do Exército foi mandado para o Oriente Médio. De lá para cá, foram 25 missões internacionais. No momento, há cerca de 50 militares brasileiros em Timor Leste, ex-colônia portuguesa que foi ocupada pela Indonésia e tornou-se independente em 2002. (RICARDO WESTIN)


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