São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2005

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Lula e FHC viajam juntos para funeral

EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta quinta-feira para a Itália, para, no dia seguinte, já no Vaticano, participar das solenidades do sepultamento do papa João Paulo 2º.
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney acompanharão Lula no funeral.
Ao lado da primeira-dama, Marisa Letícia, e dos presidentes Renan Calheiros (Senado), Severino Cavalcanti (Câmara) e Nelson Jobim (Supremo Tribunal Federal), além de Celso Amorim (chanceler), Lula participará de uma missa de corpo presente, oficiada por um grupo de cardeais presidido pelo decano, o alemão Joseph Ratzinger. O sepultamento ocorre após a missa, diante de monarcas e chefes de Estado e governo.
Apesar de terem sido convidados, o cardeais brasileiros com direito a voto para a eleição do novo papa não vão compor a comitiva de Lula, devido a compromissos já no início desta semana no Vaticano.
A viagem a Roma servirá também como escala de Lula para sua viagem à África. A partir de domingo, o presidente visitará cinco países -Camarões, Nigéria, Gana, Guiné-Bissau e Senegal.
Ontem, em seu programa quinzenal de rádio, Lula reservou a maior parte do tempo para comentar a morte do papa, assim como já fizera durante pronunciamento no sábado à noite. Para o presidente, o papa sempre será lembrado por ter enfrentado as "injustiças do mundo".
"Foi assim na sua juventude, foi assim quando se tornou padre, quando se tornou bispo, foi a luta contra o nazismo, foi a conquista da liberdade democrática na Polônia, e, quando assumiu o comando da Igreja Católica, o papa dedicou praticamente todo o tempo em que esteve à frente da igreja na luta pela paz, na luta pela justiça social, na luta contra a miséria, na luta contra a fome, contra a pobreza."
No programa "Café com o Presidente", Lula lembrou as dificuldades que enfrentou para, em meio à ditadura militar, se encontrar com o papa em 1980, quando ele esteve pela primeira vez no Brasil. Lula também citou sua ida ao Vaticano, em 1989.
Em 1980, segundo Lula, houve "uma confusão tremenda" quando Lula e a atual primeira-dama, Marisa Letícia, tentaram entrar na casa em que o papa estava hospedado em São Paulo. "Lá tinha um pessoal do Exército que, na época, fazia a segurança do papa. Criou-se uma confusão tremenda, chovia muito. Marisa, eu e meu filho, Marcos, na rua, esperando que houvesse a decisão de nos deixar entrar. E o Frei Beto tentava ajudar de um lado, d. Paulo [Evaristo Arns] tentava ajudar do outro, e nós ficamos esperando quase três horas até chegarmos a ter um encontro com o papa."
Lula enalteceu o fato de o papa ter recebido um sindicalista "perseguido pelo regime militar".
O vice-presidente José Alencar se encontrou ontem com o núncio apostólico em Brasília, d. Lorenzo Baldisseri. Ele assinou o livro de condolências e oficializou o anúncio da viagem do presidente. Alencar fica na Presidência no período em que Lula estiver fora.


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