|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula e FHC viajam juntos para funeral
EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva embarca nesta quinta-feira
para a Itália, para, no dia seguinte,
já no Vaticano, participar das solenidades do sepultamento do papa João Paulo 2º.
Os ex-presidentes Fernando
Henrique Cardoso e José Sarney
acompanharão Lula no funeral.
Ao lado da primeira-dama, Marisa Letícia, e dos presidentes Renan Calheiros (Senado), Severino
Cavalcanti (Câmara) e Nelson Jobim (Supremo Tribunal Federal),
além de Celso Amorim (chanceler), Lula participará de uma missa de corpo presente, oficiada por
um grupo de cardeais presidido
pelo decano, o alemão Joseph
Ratzinger. O sepultamento ocorre
após a missa, diante de monarcas
e chefes de Estado e governo.
Apesar de terem sido convidados, o cardeais brasileiros com direito a voto para a eleição do novo
papa não vão compor a comitiva
de Lula, devido a compromissos
já no início desta semana no Vaticano.
A viagem a Roma servirá também como escala de Lula para sua
viagem à África. A partir de domingo, o presidente visitará cinco
países -Camarões, Nigéria, Gana, Guiné-Bissau e Senegal.
Ontem, em seu programa quinzenal de rádio, Lula reservou a
maior parte do tempo para comentar a morte do papa, assim
como já fizera durante pronunciamento no sábado à noite. Para
o presidente, o papa sempre será
lembrado por ter enfrentado as
"injustiças do mundo".
"Foi assim na sua juventude, foi
assim quando se tornou padre,
quando se tornou bispo, foi a luta
contra o nazismo, foi a conquista
da liberdade democrática na Polônia, e, quando assumiu o comando da Igreja Católica, o papa
dedicou praticamente todo o
tempo em que esteve à frente da
igreja na luta pela paz, na luta pela
justiça social, na luta contra a miséria, na luta contra a fome, contra a pobreza."
No programa "Café com o Presidente", Lula lembrou as dificuldades que enfrentou para, em
meio à ditadura militar, se encontrar com o papa em 1980, quando
ele esteve pela primeira vez no
Brasil. Lula também citou sua ida
ao Vaticano, em 1989.
Em 1980, segundo Lula, houve
"uma confusão tremenda" quando Lula e a atual primeira-dama,
Marisa Letícia, tentaram entrar na
casa em que o papa estava hospedado em São Paulo. "Lá tinha um
pessoal do Exército que, na época,
fazia a segurança do papa. Criou-se uma confusão tremenda, chovia muito. Marisa, eu e meu filho,
Marcos, na rua, esperando que
houvesse a decisão de nos deixar
entrar. E o Frei Beto tentava ajudar de um lado, d. Paulo [Evaristo
Arns] tentava ajudar do outro, e
nós ficamos esperando quase três
horas até chegarmos a ter um encontro com o papa."
Lula enalteceu o fato de o papa
ter recebido um sindicalista "perseguido pelo regime militar".
O vice-presidente José Alencar
se encontrou ontem com o núncio apostólico em Brasília, d. Lorenzo Baldisseri. Ele assinou o livro de condolências e oficializou
o anúncio da viagem do presidente. Alencar fica na Presidência no
período em que Lula estiver fora.
Texto Anterior: A morte do papa: Circo da mídia se arma no Vaticano Próximo Texto: Sucessor não tem de ser peregrino, diz d. Eusébio Índice
|