|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Explosão atinge sede de partido usada como centro de recrutamento militar; ataque em Bagdá mata nove
Atentado em cidade curda deixa 60 mortos
DA REDAÇÃO
Um dia depois de o novo governo iraquiano tomar posse e prometer acabar com as divisões sectárias no país, a explosão de um
carro-bomba em Irbil (sede da
administração regional curda no
norte do Iraque) deixou ontem ao
menos 60 mortos e 150 feridos.
Horas mais tarde, em Bagdá, um
segundo atentado matou nove
guardas iraquianos e feriu 20.
O grupo terrorista árabe sunita
Ansar al Sunna, que segundo os
EUA tem laços com a Al Qaeda,
reivindicou a responsabilidade
pelo primeiro ataque. A explosão
atingiu a sede do Partido Democrático do Curdistão (PDC), usada como centro de recrutamento
de soldados iraquianos.
Na rua em frente à seve do PDC,
logo congestionada com ambulâncias e táxis, formaram-se enormes poças de sangue. Pelo menos
sete carros estacionados na região, um bairro rico de Irbil, foram totalmente destruídos. Vários prédios sofreram danos.
"Parecia um abatedouro, com
pedaços de corpos em todos os lugares: cabeças, mãos, olhos. Terrível. Os que fazem isso são animais, pois é contrário ao islamismo", disse Abdul-Razaq Sarmab,
17, que estava na fila e foi ferido
pelos estilhaços.
Resposta
"Esse ataque que abalou seu trono é a resposta por nossos irmãos
que estão sendo torturados em
suas prisões e aos infiéis peshmerga (milícia curda), que se rendeu
aos cruzados", afirmou o grupo
em um comunicado na internet
endereçado ao líder curdo Massoud Barzani, prometendo novos
atentados.
Em 2004, o Ansar al Sunna reivindicou um duplo ataque terrorista também em Irbil, 350 km ao
norte de Bagdá, que deixou 109
mortos. O grupo, no comunicado
de ontem, acusa as forças de segurança curdas de "baixar a cabeça
aos cruzados e erguer suas armas
contra os muçulmanos, lutando
ao lado dos americanos".
Os curdos, que perfazem cerca
de 15% da população iraquiana e
foram reprimidos durante a
maior parte do regime do sunita
Saddam Hussein (1979-2003), se
colocaram mais próximos das
forças de ocupação americana.
O PDC é um dos dois principais
partidos da coalizão curda, segunda colocada nas eleições de 30
de janeiro, boicotada pela maioria
dos árabes sunitas. Nas negociações para formar o novo governo
iraquiano, os curdos ficaram com
nove das 37 cadeiras do gabinete
-os árabes xiitas receberam 16,
os árabes sunitas com quatro e os
cristãos com uma.
Segundo o comando militar
americano no Iraque, cerca de 60
pessoas morreram no ataque de
ontem. Mas ainda havia informações desencontradas sobre a causa da explosão, com alguns dizendo que se tratava de um homem-bomba e outros de um carro carregado de explosivos, versão dada
pelo Ansar al Sunna.
Trata-se do pior atentado no
país desde que insurgentes atacaram um grupo de guardas e policiais iraquianos em uma clínica
médica em Hillah, em 28 de fevereiro, matando 125 pessoas e ferindo 140. A violência no país vêm
aumentando de forma alarmante
desde a nomeação do gabinete, na
semana passada. Só nos últimos
sete dias, quase 250 pessoas foram
mortas.
O principal alvo tem sido a polícia e os soldados iraquianos.
Na noite de ontem, um carro-bomba explodiu junto a uma barreira do Exército iraquiano em
Bagdá, matando nove membros
da Guarda Nacional e ferindo ao
menos 20 pessoas, entre as quais
10 civis.
Além disso, o comando dos
EUA anunciou a morte de dois de
seus soldados em incidentes distintos no dia anterior, e comunicou que foi encontrado o corpo de
um piloto de caça desaparecido
na véspera após colisão com outro avião militar americano.
Do início da guerra, em março
de 2003, até terça-feira, ao menos
1.586 militares americanos foram
mortos no Iraque, segundo contagem feita pela agência de notícias Associated Press.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Confusão da ONU marca a primeira missão Próximo Texto: Bush lamenta para Berlusconi morte de agente Índice
|