São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Explosão atinge sede de partido usada como centro de recrutamento militar; ataque em Bagdá mata nove

Atentado em cidade curda deixa 60 mortos

DA REDAÇÃO

Um dia depois de o novo governo iraquiano tomar posse e prometer acabar com as divisões sectárias no país, a explosão de um carro-bomba em Irbil (sede da administração regional curda no norte do Iraque) deixou ontem ao menos 60 mortos e 150 feridos. Horas mais tarde, em Bagdá, um segundo atentado matou nove guardas iraquianos e feriu 20.
O grupo terrorista árabe sunita Ansar al Sunna, que segundo os EUA tem laços com a Al Qaeda, reivindicou a responsabilidade pelo primeiro ataque. A explosão atingiu a sede do Partido Democrático do Curdistão (PDC), usada como centro de recrutamento de soldados iraquianos.
Na rua em frente à seve do PDC, logo congestionada com ambulâncias e táxis, formaram-se enormes poças de sangue. Pelo menos sete carros estacionados na região, um bairro rico de Irbil, foram totalmente destruídos. Vários prédios sofreram danos.
"Parecia um abatedouro, com pedaços de corpos em todos os lugares: cabeças, mãos, olhos. Terrível. Os que fazem isso são animais, pois é contrário ao islamismo", disse Abdul-Razaq Sarmab, 17, que estava na fila e foi ferido pelos estilhaços.

Resposta
"Esse ataque que abalou seu trono é a resposta por nossos irmãos que estão sendo torturados em suas prisões e aos infiéis peshmerga (milícia curda), que se rendeu aos cruzados", afirmou o grupo em um comunicado na internet endereçado ao líder curdo Massoud Barzani, prometendo novos atentados.
Em 2004, o Ansar al Sunna reivindicou um duplo ataque terrorista também em Irbil, 350 km ao norte de Bagdá, que deixou 109 mortos. O grupo, no comunicado de ontem, acusa as forças de segurança curdas de "baixar a cabeça aos cruzados e erguer suas armas contra os muçulmanos, lutando ao lado dos americanos".
Os curdos, que perfazem cerca de 15% da população iraquiana e foram reprimidos durante a maior parte do regime do sunita Saddam Hussein (1979-2003), se colocaram mais próximos das forças de ocupação americana.
O PDC é um dos dois principais partidos da coalizão curda, segunda colocada nas eleições de 30 de janeiro, boicotada pela maioria dos árabes sunitas. Nas negociações para formar o novo governo iraquiano, os curdos ficaram com nove das 37 cadeiras do gabinete -os árabes xiitas receberam 16, os árabes sunitas com quatro e os cristãos com uma.
Segundo o comando militar americano no Iraque, cerca de 60 pessoas morreram no ataque de ontem. Mas ainda havia informações desencontradas sobre a causa da explosão, com alguns dizendo que se tratava de um homem-bomba e outros de um carro carregado de explosivos, versão dada pelo Ansar al Sunna.
Trata-se do pior atentado no país desde que insurgentes atacaram um grupo de guardas e policiais iraquianos em uma clínica médica em Hillah, em 28 de fevereiro, matando 125 pessoas e ferindo 140. A violência no país vêm aumentando de forma alarmante desde a nomeação do gabinete, na semana passada. Só nos últimos sete dias, quase 250 pessoas foram mortas.
O principal alvo tem sido a polícia e os soldados iraquianos.
Na noite de ontem, um carro-bomba explodiu junto a uma barreira do Exército iraquiano em Bagdá, matando nove membros da Guarda Nacional e ferindo ao menos 20 pessoas, entre as quais 10 civis.
Além disso, o comando dos EUA anunciou a morte de dois de seus soldados em incidentes distintos no dia anterior, e comunicou que foi encontrado o corpo de um piloto de caça desaparecido na véspera após colisão com outro avião militar americano.
Do início da guerra, em março de 2003, até terça-feira, ao menos 1.586 militares americanos foram mortos no Iraque, segundo contagem feita pela agência de notícias Associated Press.


Com agências internacionais

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