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Renúncia de premiê provoca crise no Nepal
Disputa de líder maoísta com presidente e Exército ameaça a república, proclamada no ano passado
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro do Nepal, o ex-guerrilheiro maoísta
Pushpa Kamal Dahal, renunciou ontem em meio a uma disputa com o presidente do país
-um confronto que ameaça a
estabilidade da ainda frágil república democrática nepalesa,
antes que ela complete um ano
de existência.
Dahal, conhecido como Prachanda, anunciou sua saída do
governo depois que o presidente do país, Ram Baran Yadav
-líder da oposição e das Forças
Armadas-, bloqueou sua ordem para demitir o comandante do Exército.
O Nepal proclamou sua república em 28 de maio de 2008, a
partir de um acordo de paz que
pôs fim a 239 anos de monarquia, cujo período final foi marcado por dez anos de guerra
(1996-2006) entre o governo e
a guerrilha maoísta. Nesse processo, o partido do premiê Prachanda entrou para a política e
venceu as eleições de 2008.
A atual disputa entre o premiê e o presidente gira em torno de 19 mil ex-guerrilheiros
maoístas, que permanecem a
contragosto sob monitoração
da ONU, apesar de o acordo de
paz determinar que sejam integrados às forças de segurança
do país -decisão que o Exército resiste em cumprir.
Ontem, tanto partidários do
premiê como do presidente saíram às ruas da capital, Katmandu, para protestar. Os maoístas
prometeram mais manifestações de solidariedade ao premiê, o que poderia incluir fechar o Parlamento "até que o
presidente reconsidere sua decisão", disse o porta-voz do partido maoísta, Nath Sharma.
"Estamos esperando problemas e nos preparando para impedir a violência nas ruas. A polícia está em alerta máximo",
disse o ministro do Interior,
Navin Ghimire.
O premiê acusa o presidente
de "um ataque fatal" à democracia no país asiático de 28 milhões de habitantes. O racha de
ontem põe em risco tanto a capacidade de o governo controlar os ex-guerrilheiros como a
redação da nova Constituição
-parte do acordo de paz.
Ainda não se sabe se os
maoístas continuarão no poder
ou se todos sairão com o premiê, o que poderia levar o país
de volta ao conflito armado.
Outro agravante à crise política é que o partido marxista,
que compunha o governo com
os maoístas, abandonou ontem
a coalizão, com o risco de levar
consigo outros partidos.
Divisões
Enquanto isso, a economia
também cambaleia. O governo
até agora falhou em combater a
alta inflação e a pobreza disseminada pelo país.
Os maoístas são vistos por
parte dos nepaleses como heróis que ajudaram a democratizar o país e livrá-lo da monarquia. Outra parte da população,
no entanto, critica o novo governo pelos problemas econômicos e pelos recentes cortes
em energia e combustíveis.
As divergências com as Forças Armadas também são fortes. Segundo o "Financial Times", o Exército tirou seus
atletas que competiam nos Jogos Nacionais, no mês passado,
ao saber que os maoístas também competiriam no evento.
Com agências internacionais
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