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China vive transição, diz ex-líder de Tiananmen
RENATO FRANZINI
de Nova York
Shen Tong, 30, um dos líderes do
movimento pró-democracia que
terminou no massacre da praça
Tiananmen (Paz Celestial) em
1989, foi um dos primeiros a pedir
asilo político nos EUA.
Shen vive hoje em Boston (Costa
Leste do país), onde preside uma
fundação para financiar projetos
que levem a China à democracia.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Shen concedeu por telefone à Folha.
Folha - Em 95, o sr. disse que a
China teria um futuro político diferente quando Deng Xiaoping (líder
comunista que ordenou o massacre de 89 e que morreu em 97)
morresse. O que aconteceu?
Shen - As perspectivas de a China
se tornar uma democracia ainda
existem e, na era pós-Deng, o país
mudou. Passa hoje por algo similar
ao que ocorreu na América Latina.
Tínhamos um regime totalitário
nos anos 70. Nos 80, isso começou
a mudar. Agora o país está indo na
direção de um regime autoritário.
Folha - E qual é a comparação
com a América Latina?
Shen - O regime acreditava no
comunismo. Agora ele acredita em
uma transição para a economia de
mercado e eventualmente para
uma democracia. No início dos
anos 80, na América Latina, os militares diziam: "Estamos aqui porque o país precisa de estabilidade,
estamos passando por uma transição para a democracia". Hoje a
China vive uma transição e já é um
país pós-comunista. As pessoas
não acreditam mais na ideologia
comunista.
Folha - Como assim? O comunismo morreu no país?
Shen - Não nominalmente ainda,
porque o comunismo está na
Constituição. Havia a utopia de
que o comunismo iria se espalhar
pelo mundo, agora a China acredita na economia de mercado. O Partido Comunista era uma vanguarda revolucionária, agora é um grupo de interesses, uma máfia.
Folha - Qual a estratégia de sua
fundação para ajudar a democratização da China?
Shen - Mandamos dinheiro para
organizações, financiamos programas de TV, revistas, produzimos livros, temos uma revista na
Internet, além de um programa de
rádio transmitido para a China.
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