São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Em teste realizado em junho, agentes à paisana conseguiram embarcar com armas 41% das vezes

Aeroporto é um dos menos seguros dos EUA

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Em teste realizado em junho pela Administração de Segurança dos Transportes (TSA), agência federal americana que cuida do setor, o Aeroporto Internacional de Los Angeles, também conhecido como LAX, estava entre os de vigilância mais relapsa dos EUA.
Na ocasião, o órgão mandou para os 32 maiores aeroportos do país agentes à paisana com facas, estiletes como os usados em 11 de setembro e réplicas de armas e de bombas em suas bagagens. A missão era passar despercebido pelas barreiras de raios x na entrada das salas de embarque e pelas revistas realizadas nos locais.
De cada quatro armas, apenas uma foi detectada pelos funcionários que operavam as máquinas. Um resultado pior foi alcançado quando o objeto em questão eram as imitações de artefatos usados em atentados terroristas: 70% das "bombas" passaram ilesas, mesmo índice das facas.
Dos 32 aeroportos avaliados, o LAX ficou entre os últimos colocados, com 41% de falhas. Entre os de desempenho satisfatório, com perto de 90% de acertos, estavam Miami, Newark, Fort Lauderdale e Honolulu. O mais rigoroso foi o de Connecticut. Três deles -Cincinnati, Las Vegas e Jacksonville, na Flórida- falharam pelo menos 50% das vezes.
Os artifícios usados pelos agentes para esconderem seus objetos eram os mais prosaicos possíveis. Assim, muitas vezes, mesmo quando uma mala era aberta para revista, uma pistola guardada dentro de um par de meias enrolado passava sem que ninguém se incomodasse em checar.
Mesmo depois de achado o objeto, os agentes continuavam sua avaliação, observando se o funcionário responsável pela revista deixava o artigo ao alcance das mãos do suspeito ou o isolava em algum lugar, como mandam as regras federais. Houve falha aqui também.
Nos EUA, passageiros podem viajar com armas de fogo na bagagem despachada, desde que estejam descarregadas e sejam apresentadas no balcão da companhia aérea na hora do check in, mas não na bagagem de mão.
O resultado calou fundo no governo federal, que havia tirado das empresas aéreas a responsabilidade pelas revistas nos aeroportos em fevereiro.
"Os números preliminares são inaceitáveis e refletem as falhas herdadas pelo governo federal no sistema de segurança", afirmou Leonardo Alcivar, do Departamento de Transportes dos EUA.
"É exatamente por casos como esse que continuamos fazendo o teste", disse a porta-voz da TSA, Mari Eder.
A intenção da agência não era causar pânico, mas determinar padrões para treinamento dos 45 mil novos funcionários, cuja contratação foi autorizada pelo Congresso dos EUA como parte do pacote de medidas antiterror aprovado pelos legisladores depois de 11 de setembro.
Outra das medidas aprovadas determina que até novembro o TSA deve fazer todas as revistas com funcionários próprios. Atualmente, são empresas contratadas pelas companhias aéreas que fazem isso, sendo apenas supervisionadas pela agência.
Para tanto, uma verba extraordinária de US$ 760 milhões foi aprovada pelo presidente George W. Bush, dos quais US$ 250 milhões já foram disponibilizados.
O Departamento de Transportes conduziu seus próprios testes com agentes à paisana em 32 aeroportos após os atentados de 11 de setembro nos EUA.
Segundo o estudo, o índice de falha dos funcionários responsáveis pela revista de passageiros e bagagens foi de 70% no caso de facas, 60% no caso de explosivos falsos e 30% no caso de armas de fogo. Os testes foram conduzidos antes de fevereiro, quando as companhias aéreas ainda eram responsáveis pelas revistas.


Com agências internacionais


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