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APURAÇÃO
Com 88% dos votos computados, Evo Morales, 42, aproximava-se do 1º lugar e ameaçava avançar na disputa
Cocaleiro chega perto de 2º turno na Bolívia
RODRIGO UCHÔA
DA REDAÇÃO
O líder cocaleiro e candidato a
presidente da Bolívia, Evo Morales, 42, encostou ontem nos dois
favoritos ao cargo eletivo mais
importante do país. Com 88% dos
votos oficialmente computados,
Morales tinha 20,95% dos votos,
contra 21,94% do ex-presidente
(1993-97) liberal Gonzalo Sánchez
de Lozada e 21,90% do populista
Manfred Reyes Villa.
A diferença de Morales para
Goni -como é conhecido o ex-presidente- era ontem à noite de
menos de 25 mil votos (552.018 a
527.161). Com 4,2 milhões de eleitores, a Bolívia votou no final de
semana para presidente, vice, senadores (27) e deputados (130).
Como nenhum candidato a presidente ultrapassará a metade dos
votos válidos, haverá um segundo
turno indireto no Congresso no
dia 4 de agosto, dois dias antes da
posse do novo governo.
De formação marxista e líder do
MAS (Movimento ao Socialismo), Morales fez sua campanha
pregando o fim do modelo neoliberal no país e defendendo os
plantadores de coca. Ele defende
o fim dos programas de erradicação do cultivo da planta. Para os
EUA, essa posição equivale a
apoiar o narcotráfico.
Semana passada, o embaixador
dos EUA na Bolívia, Manuel Rocha, chegou a dizer que, se o líder
cocaleiro fosse eleito, Washington
cortaria o auxílio econômico que
dá ao país. Disse também que o
mercado americano poderia se fechar aos têxteis e ao gás -principal item da pauta de exportações.
As declarações de Rocha geraram protestos de todos os partidos e manifestações contra a ingerência americana em assuntos internos da Bolívia.
Morales já havia dito que o embaixador foi seu "maior cabo eleitoral". Ontem, ele disse ao jornal "La Razón" que mandaria uma folha de coca a Rocha, como congratulação pelo 4 de Julho.
Sem coalizão
O líder cocaleiro afirmou à Folha que não fará acordos com nenhum dos candidatos neoliberais.
"O povo escolheu essa representação. Com o voto popular
não se negocia", disse, na terça.
Ao afirmar que não se uniria a
Reyes ou a Goni, o líder do MAS
fecha sua área de procura de
apoio ao MIP (Movimento Indígena Pachakuti), liderado por Felipe Quispe, e ao MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária),
liderado por Jaime Paz Zamora,
que foi presidente de 1989 a 1993.
Só essa coalizão não superaria
os partidos de direita. Se Morales
for ao segundo turno, ele precisará se compor com Sánchez de Lozada ou com Reyes Villa para ser eleito -o que disse que não fará.
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