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AMÉRICA LATINA
Programa prevê que aviões da Colômbia e do Peru abatam aeronaves suspeitas que se recusem a pousar
EUA devem retomar identificação de aviões com drogas
JAMES RISEN
DO ""THE NEW YORK TIMES"
O presidente George W. Bush
deve aprovar a retomada de um
programa que prevê que os EUA
identifiquem e localizem aviões
suspeitos de transportar drogas e
que aviões da Força Aérea da Colômbia e do Peru os abatam, caso
eles não atendam aos chamados
de pouso.
Iniciado em 1995, o programa
tinha sido interrompido pouco
mais de um ano atrás, após a derrubada por engano de um avião
que transportava missionários
americanos no Peru.
Depois que o presidente assinalar sua aprovação final da iniciativa, o Departamento de Estado vai
assumir o controle do programa,
que antes era da CIA (Agência
Central de Inteligência). Autoridades americanas disseram que
as operações devem começar na
Colômbia e, mais tarde, provavelmente serão estendidas ao Peru.
O Pentágono também apoiará o
programa, fornecendo informações (colhidas de radares em terra
e outras fontes) sobre aviões suspeitos de estar transportando
drogas.
Autoridades americanas disseram que tanto a Colômbia quanto
o Peru expressaram seu apoio à
proposta de reinício da operação.
Os muitos críticos do programa
supunham que a derrubada por
engano do avião dos missionários
teria impossibilitado a retomada
do programa pela Casa Branca.
Mas os planos nesse sentido começaram a ser traçados há meses,
e, nas últimas semanas, o futuro
presidente da Colômbia, Álvaro
Uribe Vélez, foi a Washington para pedir aos EUA uma atuação
agressiva no combate ao tráfico
de drogas na América Latina.
A decisão de transferir a administração do programa da CIA
para o Departamento de Estado
foi tomada quando o diretor da
CIA, George Tenet, deixou claro
que sua agência não queria mais
ter ligação com a operação. Desde
a derrubada do avião com os missionários, o Congresso impôs restrições ao envolvimento da CIA.
No ano passado, a CIA informou que uma empresa contratada, a Aviation Development Corporation, do Alabama, gerenciava
o programa em seu nome. Mas a
Aviation Development é, na realidade, uma empresa de fachada da
própria CIA, e as críticas públicas
à operação feitas após a derrubada do avião levaram a CIA a desativá-la. Registros estaduais do
Alabama indicam que a Aviation
Development foi dissolvida em janeiro.
Diferentemente de Tenet, o secretário de Estado dos EUA, Colin
Powell, expressou apoio inequívoco à proposta de retomada das
operações.
Embora Bush ainda não tenha
assinalado sua aprovação final, o
governo já está avançado nos preparativos para a retomada do programa. Os jatos de vigilância
Cessna Citation que a CIA operava no programa foram aperfeiçoados e transferidos para o Departamento de Estado. Pilotos da
Força Aérea colombiana acabam
de concluir cursos de treinamento de vôo nos jatos Citation nos
EUA e devem iniciar em agosto
um treinamento mais avançado
para a realização das complexas
missões de interdição aérea.
Em abril, o Departamento de
Estado concedeu um contrato a
uma empresa de aviação de
Maryland, a Arinc Incorporated,
para ajudá-la a treinar pilotos colombianos e peruanos e administrar a operação. Uma porta-voz
da Arinc confirmou que a empresa recebeu o contrato.
A Arinc vem tentando atrair de
volta muitos dos mesmos funcionários que atuavam no programa
quando ele era administrado pela
CIA. Mas alguns deles rejeitaram
a oferta, em parte, pelo menos, segundo fontes familiarizadas com
o programa, por acharem que o
Departamento de Estado não está
dedicando tempo suficiente aos
treinamentos. Outros representantes americanos enfatizaram,
porém, que o Departamento de
Estado pretende impor critérios
de treinamento rígidos.
Uma das maiores mudanças é
que os aviões Citation, antes pilotados por tripulações contratadas
pela CIA, agora terão pilotos colombianos e peruanos. A Arinc
terá um observador bilíngue em
cada avião de vigilância para oferecer recomendações. Mas a decisão final quanto ao pedido para
que bombardeiros disparem sobre aeronaves suspeitas será dos
pilotos peruanos e colombianos.
Alguns dos aviões transportando drogas hoje procuram evitar a
fronteira entre Peru e Colômbia,
dando a volta sobre o Brasil, mas
o governo dos EUA não pediu ao
país que se envolva no programa.
Os EUA suspenderam o programa de interdição aérea depois que
um jato da Força Aérea peruana abateu o avião em que viajavam os missionários, em 20 de abril de 2001, no Peru. Morreram a missionária Veronica Bowers e sua filha de sete meses, Charity. Seu marido, James, e o filho do casal, Cory, sobreviveram. Apesar de ter sido ferido, o piloto do avião, Kevin Donaldson, conseguiu fazer um pouso de emergência. A administração Bush pediu ao Congresso que aprove o pagamento de US$ 8 milhões de indenização aos sobreviventes, mas a decisão final ainda não foi tomada.
Tradução de Clara Allain
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