São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Porta-voz do premiê Allawi afirma que perdão não se estenderá aos acusados de cometer assassinato

Governo interino vai oferecer anistia a insurgentes

DA REDAÇÃO

O governo interino do Iraque deve anunciar hoje uma anistia parcial para insurgentes que combatem as forças da coalizão liderada pelos EUA. A informação, transmitida pela rede de TV CNN, foi atribuída a um porta-voz do premiê Iyad Allawi.
Segundo o porta-voz George Sada, a anistia não irá contemplar os rebeldes "radicais", incluindo aqueles acusados de cometer assassinatos. Sada disse que somente os rebeldes que foram "manipulados" pelos líderes da insurgência poderão se beneficiar.
Ainda não se sabe se o perdão governamental valerá para os membros do Exército Mehdi, a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, que combate as tropas da coalizão liderada pelos EUA em Najaf, Karbala e outras cidades do sul do Iraque.
Em entrevista ontem à rede de TV ABC, Allawi afirmou ter se encontrado com uma delegação de Al Sadr "que queria negociar". Porém, também ontem, Al Sadr disse que resistirá à "ocupação e opressão" e qualificou o governo interino de "ilegítimo".
A declaração de Al Sadr foi feita em um comunicado distribuído por seu escritório de Najaf. "Prometemos ao povo iraquiano e ao mundo continuar resistindo até nossa última gota de sangue. A resistência é um direito legítimo e não um crime a ser punido", disse. Há quase um mês, ele havia se manifestado na direção oposta, dizendo que estava pronto para dialogar com o novo governo.
Mensagem divulgada ontem na internet e atribuída ao Exército de Ansar al Sunna nega que o grupo extremista tenha degolado o marine americano Wassef Ali Hassoun, de origem libanesa. A morte do soldado havia sido anunciada anteontem em dois sites.
"A declaração feita não tem base na verdade", afirma o suposto comunicado do grupo. No entanto a mesma nota declara que matar "tal imundície aproxima as pessoas de Deus". Segundo a agência de notícias Reuters, não houve meios de confirmar qual das declarações seria autêntica. O comando militar norte-americano, o Ministério das Relações Exteriores do Líbano e a família de Hassoun disseram não ter provas de que ele tenha sido morto.
O Irã anunciou que pretende tomar parte no julgamento de Saddam Hussein. O país irá apresentar uma acusação contra o ex-ditador pela invasão de seu território em 1980, dando início à Guerra Irã-Iraque, e por ter usado armas químicas contra iranianos durante o conflito que se prolongou por oito anos.
O porta-voz da chancelaria iraniana, Hamid Reza Asefi, disse que Teerã vai enviar documentos à Corte encarregada do julgamento. "Preparamos uma queixa e o Irã definitivamente irá registrá-la no tribunal iraquiano. Acreditamos que a corte tem de investigar os crimes de Saddam de maneira aberta e transparente", disse.
Autoridades iraquianas informaram que sabotadores explodiram ontem um oleoduto estratégico que liga campos petrolíferos do norte aos do sul. Bombeiros e policiais de pelo menos três cidades estavam trabalhando para apagar o fogo perto de Musayyib (80 km a sudoeste de Bagdá).
Nas últimas semanas, houve ataques a diversos oleodutos da região. A maior parte dessas tubulações atingidas pertencia a linhas que se comunicavam com uma refinaria da capital. As informações divulgadas não esclarecem se o oleoduto explodido serviria à exportação de petróleo.


Com agências internacionais


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