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A OPINIÃO DO ANALISTA
"Idéia é ultrapassada e pouco clara"
da Redação
Uma idéia fora de época, pouco clara e destinada a seduzir as
camadas mais pobres da população. Assim o cientista político
José Vicente Carrasquero, 41,
professor da Universidade Simon Bolívar, define a proposta
de criação do Poder Moral. Para
ele, o projeto traz o risco de censura, mas deve ser alterado pela
Assembléia Constituinte. Leia
trechos da entrevista à Folha.
(LP)
Folha - O que pretende Chávez ao sugerir a criação de um
Poder Moral?
José Vicente Carrasquero - É
uma idéia fora de época. No século passado, Simon Bolívar
propôs a criação do Poder Moral para que os demais poderes
se comportassem dentro de padrões éticos. Mas, hoje, supõe-se que esse comportamento ético surja do equilíbrio entre os
três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). O Poder
Moral também seria exercido
pela imprensa, que hoje desempenha o papel fiscalizador que
Bolívar defendia. Não há a necessidade de um Poder adicional. Esse poder, como proposto
por Chávez, poderia se converter em uma forma de censura.
Folha - A aprovação da proposta traria poderes absolutos
a Chávez?
Carrasquero Se esse Poder
fosse aprovado nos moldes que
Chávez sugere, estaria acima
dos três Poderes, inclusive da
Presidência. Chávez teria de se
submeter a ele também. Como a
coalizão que apóia o presidente
detém a maioria na assembléia,
a questão moral deve ser contemplada na Carta de alguma
forma, mas não creio que na
forma como quer Chávez.
Folha - Em sua opinião, por
que Chávez ainda não detalhou suas propostas para a
constituinte?
Carrasquero -É uma maneira
de manter sua popularidade em
alta. Chávez vai aproveitar o alto
índice de aprovação a sua gestão
para aprovar seu projeto de
constituinte. Só depois que a tiver aprovado deve atacar os
problemas econômicos, o que
deve ser feito com medidas impopulares. Ao mesmo tempo, a
indefinição gera incertezas no
mercado. Empresas multinacionais estão encerrando atividades na Venezuela. Teme-se
que haja estatização. Eu, pessoalmente, não acredito nisso,
mas o discurso de Chávez não é
claro. Ele destina-se às classes
baixas e usa uma linguagem que
não é a mesma com que se falaria a investidores.
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